A PEC da inteligência

Conhecida como a segunda profissão mais antiga do mundo, a atividade de inteligência sempre esteve presente nos grandes momentos da história da humanidade, quando reis, presidentes, papas, generais e outros líderes recorreram a ela para dispor de subsídios para orientar suas decisões. Nesse sentido, a essência daquela que é também chamada “o ofício dos espiões” – apesar da espionagem ser apenas uma pequena parte da atividade de inteligência – é a produção de conhecimentos para o assessoramento ao processo decisório. Sempre que um líder precisa decidir, é importante que tenha acesso a informações qualificadas, de modo a que sua decisão possa ocorrer de maneira mais segura.

Mas o que diferencia o conhecimento produzido pela inteligência daquele de outras assessorias especializadas ou mesmo do gerado por universidades e centros de pesquisa? É que o conhecimento oriundo dos serviços secretos é reunido a partir de fontes sensíveis, protegidas e muitas vezes inacessíveis a outras pessoas e organizações: o chamado “dado negado”. Para se acessar esses “dados negados”, a inteligência precisa recorrer a técnicas operacionais, muitas vezes bastante arriscadas e intrusivas. Também terão que lidar com a reação dos que protegem esses dados. Entretanto, alguém precisa fazer isso. Guerras são ganhas, negócios são fechados, decisões tomadas com o apoio da inteligência.

Nenhuma democracia pode prescindir de serviços secretos. Países como Estados Unidos, Grã-Bretanha, Canadá, França e Alemanha dispõem de serviços de inteligência operando em defesa dos interesses daqueles Estados e da sociedade. No Brasil isso também não deveria ser diferente. Afinal, somos um país que tem pretensões de potência no cenário global, uma das principais economias do mundo, e uma nação com riquezas a serem protegidas.

Entretanto, durante anos a inteligência permaneceu ignorada ou, pior, condenada pelo preconceito em virtude da associação ao período autoritário (que acabou há mais de duas décadas, diga-se de passagem). Mesmo na Constituição de 1988, que trata dos mais diversos temas, a atividade de inteligência foi completamente ignorada, não havendo qualquer referência ao termo. Com isso, essa típica atividade de Estado fica no ostracismo, sem respaldo constitucional, e aqueles profissionais que nela atuam em defesa do Estado e da sociedade vêem-se sem grande suporte legal, sendo constantemente expostos e ridicularizados.

Em agosto de 2009, o vazio no arcabouço legal brasileiro começou a ser preenchido com a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) nº 398, de 2009. Essa PEC “insere o Capítulo IV ao Título V da Constituição Federal referente à atividade de inteligência e seus mecanismos de controle”. Segundo seu autor, o Deputado Severiano Alves (PMDB-BA), “nos dias atuais, diante das turbulências porque que passa o mundo, sob ameaças tradicionais e as chamadas ‘novas ameaças’, é inquestionável a importância da atividade de inteligência no assessoramento ao processo decisório em diferentes níveis, particularmente nas altas esferas de governo”. E completa assinalando que “uma vez que não podemos prescindir dos serviços secretos, é importante que haja na Lei Maior referência a estes, a suas atribuições e à estrutura básica da comunidade de inteligência brasileira. Também não pode faltar na Carta Magna referência à importância do controle, interno e externo, da inteligência”.

Assim, a PEC nº 398, de 2009, eleva a inteligência ao status constitucional. Por meio do art. 144-A, estabelece que “a atividade de inteligência, que tem como fundamentos a preservação da soberania nacional, a defesa do Estado Democrático de Direito e da dignidade da pessoa humana, será exercida, por um sistema que integre os órgãos da Administração Pública direta e indireta dos entes federados”. E no artigo seguinte dispõe que “será desenvolvida, no que se refere aos limites de sua extensão e ao uso de técnicas e meios sigilosos, com irrestrita observância dos direitos e garantias individuais e fidelidade às instituições e aos princípios éticos que regem os interesses e a segurança do Estado”.

Aspecto importante da PEC n. 398, de 2009, é que ela estabelece um sistema de inteligência, que reúne os vários serviços secretos – militares, de defesa, estratégicos, policiais, fiscais – e determina que esses atuem de forma coordenada, de modo a maximizar a eficiência e a eficácia desses órgãos e permitir-lhes o intercâmbio de dados e informações. Note-se que “os entes federados poderão constituir seus subsistemas de inteligência, os quais deverão estabelecer vínculos com o Sistema Brasileiro de Inteligência”, o que viabiliza a cooperação nos diferentes níveis de governo.

Também dispõe a PEC nº 398, de 2009, sobre os limites à atuação dos serviços secretos e, paralelamente, dá-lhes respaldo, assegurando constitucionalmente “direitos, deveres e prerrogativas do pessoal de inteligência, inclusive no que concerne à preservação de sua identidade, o sigilo da atividade e seu caráter secreto”. Sem isso, o profissional de inteligência, no desempenho de suas funções, pode vir a incorrer em algum delito, o que é absurdo.

Finalmente, a PEC não se esquece de um aspecto essencial da atividade de inteligência nos regimes democráticos: seus mecanismos de controle. Assim, estabelece o controle interno e, sobretudo, externo da atividade, que se dá por meio do Congresso Nacional e de um Conselho permanente com a função de fiscalizar e controlar diuturnamente os serviços secretos, reportando-se diretamente ao Poder Legislativo. É exatamente o controle efetivo que assegura que não haja irregularidades e desvios por parte dos serviços secretos e de seus agentes e que esses atuem de forma consentânea com a Constituição e as leis e em defesa do Estado e da sociedade. Controle é essencial também para dar respaldo aos profissionais de inteligência em suas atividades.

Democracia nenhuma pode prescindir da atividade de inteligência. Essa inteligência deve estar sob rígido controle para que abusos e arbitrariedades sejam evitados. E a PEC nº 398, de 2009, vem em muito boa hora. Afinal, o Brasil não pode mais deixar de lado assunto de tamanha relevância, sob o risco de sucumbir diante de outros Estados, empresas e organizações que tenham interesse que podem conflitar com os nossos e que levam muito a sério a atividade de inteligência.

Joanisval Brito Gonçalves

Jornal Carta Forense, quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Michael Porter – Uma estratégia competitiva para as empresas brasileiras

ExpoManagement 2009 – Cobertura Especial

Um dos maiores especialistas do mundo em estratégia, Michael Porter abriu o terceiro dia da ExpoManagement 2009 chamando a atenção para as mudanças trazidas pela crise.

Michael Porter abriu o terceiro dia de palestras da ExpoManagement 2009 chamando a atenção para duas coisas que estão acontecendo no momento estratégico das empresas. A primeira, explicou, é que estamos no meio de uma crise econômica e muitos setores sofreram a desaceleração. “A crise estimulou uma atividade tremenda dentro da empresa. Estamos fazendo mudanças rápidas e notáveis no jeito de fazer negócios”. Porter afirmou que nesta crise há muitos desafios e oportunidades, o que torna mais importante ter uma idéia clara e precisa de estratégia. “Isso afeta a atitude e o pensar de muitos gerentes”.

A segunda, é que na avaliação dele, o Brasil está avançando. “Não me lembro de uma época tão promissora”, declarou, enfatizando que o País está indo muito bem. “Há uma espécie de energia no ar”. Porter afirmou que o crescimento do Brasil vai ser relativamente rápido, e o planejamento estratégico se faz importante neste momento. “Nenhuma empresa quebra por ser lucrativa demais. Mas ela quebra por crescer rápido demais”, declarou. É preciso tomarmos muito cuidado com o desenvolvimento dos negócios para não andar rápido demais. As empresas brasileiras estão bem posicionadas para transformar crise em oportunidade. Isso só vai acontecer se houver clareza no pensamento estratégico.

Porter foi categórico ao afirmar que não podemos confundir estratégia com metas e objetivos. Para ele, a estratégia não é um sonho, é uma coisa muito concreta, específica e clara. Ele afirmou que a meta fundamental de uma empresa é obter um retorno superior do investimento no longo prazo e que o crescimento só é bom se permitir obter e manter um retorno superior do capital investido. “A lucratividade tem de ser medida com realismo, determinando-se o lucro efetivo da totalidade do investimento”. Porter ainda chamou a atenção para o erro de se fixar metas irrealistas de lucratividade ou crescimento, que podem prejudicar a estratégia da empresa.

Eficácia operacional não é estratégia
Para o especialista tanto eficácia operacional como estratégia são essenciais para o desempenho superior, que, afinal, é o objetivo primordial de todas as empresas. Mas elas atuam de formas diferentes. “O papel do administrador é entender essas melhores práticas e trazer as mesmas para a empresa. Isso não vai te trazer vantagem competitiva se for feito isoladamente. A melhoria dessas práticas são necessárias,mas não suficientes”. Ele explicou que se você não for bom na execução das suas práticas operacionais, a sua estratégia não vai servir para nada. Quanto melhor for a sua estratégia, melhor o seu desempenho.

A eficácia operacional significa ter um desempenho melhor do que os seus rivais nas mesmas atividades. Abrange a eficiência, mas não se limita apenas a esse aspecto; diz respeito a quaisquer práticas pelas quais a empresa utiliza melhor o insumo. Em contraste, o posicionamento estratégico significa desempenhar as atividades diferentes das exercidas pelos rivais ou desempenhar as mesmas atividades de maneira diferente. “Eficácia seria como fazer a mesma corrida, mais rápido. E estratégia, correr um caminho diferente”, exemplifica.

Porter enfatizou que os concorrentes conseguem imitar com rapidez as técnicas gerenciais, as novas tecnologias, as melhorias nos insumos e as formas superiores de atender às necessidades dos clientes. “As soluções mais genéricas são as de mais rápida difusão”. A competição com base na eficácia operacional desloca para fora a fronteira da produtividade, elevando os padrões para todos os participantes. No entanto, embora acarrete melhorias absolutas na eficácia operacional, essa modalidade de competição não gera aprimoramentos relativos para qualquer concorrente. O professor explicou que a competição baseada apenas na eficácia operacional é mutuamente destrutiva, levando a guerras de desgaste que terminam apenas com a limitação da competição. O resultado é uma competição de soma zero, com preços estáticos ou declinantes e pressões de custo que comprometem a capacidade das empresas de investir no longo prazo do negócio.

HSM Online
02/12/2009

Operador do sistema elétrico é vulnerável a ataque de hackers

seguroFalhas visíveis corrigidas na sexta-feira possibilitavam que piratas cibernéticos causassem danos na rede elétrica do país
Operador Nacional do Sistema Elétrico coordena e controla a operação e a transmissão de energia do Sistema Interligado Nacional

FERNANDO RODRIGUES
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O Operador Nacional do Sistema Elétrico apresentava até a última quinta-feira vulnerabilidades em seu endereço público na internet. As falhas visíveis foram corrigidas apenas sexta, três dias depois do apagão que atingiu 18 Estados. Antes do conserto, o ONS facilitava a invasão de hackers.
Vários setores da página do site permitiam descobrir os programas internos usados pelo órgão para armazenar dados. Há também indicações de que porções do sistema elétrico monitorado são acessados de maneira remota.
“Da forma como estava o site do ONS, um aluno meu com cinco horas de aula estaria apto a invadir o sistema”, diz Maycon Maia Vitali, 23, formado em computação e professor de um curso de extensão chamado “Ataques web” no Centro Universitário Vila Velha (ES).
As vulnerabilidades apontadas foram notadas pelo ONS depois de Maycon ter publicado o assunto em seu blog (http://blog.hacknroll.com), na última quinta-feira. “Houve uma falha. Corrigimos”, afirmou na sexta-feira o diretor-geral do ONS, Hermes Chipp.
Nas últimas semanas a Folha consultou várias autoridades do governo sobre o possível risco de ataques por meio da internet aos sistemas de empresas de energia e dos órgãos reguladores do setor. O ONS e a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) negaram existir essa possibilidade. A Presidência da República e o Ministério da Defesa também.
Nos Estados Unidos, entretanto, dois apagões brasileiros em 2005 e 2007 (ambos no Espírito Santo e regiões do Rio de Janeiro) são citados pelo serviço secreto como tendo sido resultado de ataques de hackers, como são comumente chamados os piratas da internet.
Todos os órgãos oficiais e as próprias empresas de energia disseram à Folha que é inexistente o risco de invasões porque os sistemas seriam segregados da internet.
Ou seja, as máquinas usadas para monitorar a rede de geração e distribuição de energia não ficariam conectadas à web.
Essa segregação de sistemas não fica muito evidente quando se analisa o site do ONS. Existem algumas frestas pelas quais um bom especialista poderia penetrar e causar danos.
O caso do ONS é mais dramático, pois trata-se da autoridade conectada a quase todas as empresas geradoras e distribuidoras de energia do país.
As falhas até quinta eram primárias. Uma delas era usar o mesmo endereço público do órgão na internet para ser a porta de acesso a um sistema reservado por meio de senhas.
Para descobrir os endereços reservados bastava ir ao site do ONS (www.ons.org.br) e digitar à frente desse endereço a expressão “robots.txt”.
Ao executá-la em um navegador de internet chegava-se a uma tela com endereços reservados do ONS -que não podem ser encontrados por sites de busca. Um deles é o agentes/agentes.aspx.
Aí surgem todas as opções de acesso a dados e controles reservados do ONS, o que permitiria um ataque, segundo o especialista Maycon Maia Vitali.
Não há indicações de que possa ter havido, de fato, uma invasão de piratas cibernéticos em empresas de energia no Brasil ou no ONS -nem que o blecaute de terça tenha sido por causa de queda no sistema de computadores.
Mas essa vulnerabilidade no ONS era grave e ficou disponível a quem tivesse interesse de provocar problemas nos computadores do órgão.

O futuro da inovação

twitteringPara Prahalad, a verdadeira inovação caracteriza-se por ser um potencial jogo de mudanças. Ele vislumbra um futuro onde empresas de ponta serão inovadoras em duas frentes: a primeira, co-criando valor com seus clientes e tratando cada um deles individualmente. A segunda, utilizando recursos de terceiros, especializados e espalhados pelo mundo, em vez de tentar fazer a maior parte das coisas elas mesmas, este que será o desfecho da verdadeira integração global da cadeia de suprimentos.

A maior parte das empresas multinacionais ampliou sua rede de fornecedores mas fez isso pensando em reduzir custos em vez de agregar valor, diz Prahalad. Ao mesmo tempo, a maior parte das empresas sequer começou a “co-criar” valor com seus clientes. Mesmo empresas como a Dell, empresa considerada número um no modelo de produção sob-medida, encontram-se nessa situação, segundo o consagrado pensador e consultor de negócios.

Para dar exemplos de que uma nova era de inovação está em andamento, Prahalad cita a Bridgestone, que está testando um sistema em que cobra os proprietários de frotas de caminhões de carga por milha utilizada de pneus, em vez da forma tradicional de venda. Contratos de precificação são baseados em fatores tais como a carga, manutenção dos veículos, rotas utilizadas e nível de treinamento dos motoristas. As variáveis, como por exemplo, pressão dos pneus e velocidade podem ser monitoradas através de sensores e reportadas ao Data Center da Bridgestone.

Dessa forma, ela, Bridgestone, está se movendo, do modelo transacional de relacionamento com o cliente para o modelo “feito sob medida”. Os dados que ela acumula são compartilhados com os clientes para melhorar as operações deles e envolvê-los mais ainda no modelo.

Prahalad também cita outras empresas, como a Apple, Google, ING, McDonald’s, e Starbucks, bem como outras empresas de menor porte ou menos conhecidas, como instituições que estão na vanguarda desse modelo de inovação globalizada e personalizada.

É verdade que o sistema é controverso. Um dos exemplos disso é a ICICI Prudential, que introduziu um sistema de seguros de vida na Índia precificado de acordo com a aderência do cliente a um programa de saúde. Ao aplicar o modelo a diabéticos, a ICICI Prudential monitora regularmente os níveis de açúcar no sangue do cliente, além de outras informações estatísticas, praticamente em tempo real, através de diagnósticos realizados remotamente. A ICICI organizou uma rede de fornecedores de serviços médicos, empresas farmacêuticas, empresas de diagnóstico e testes e até mesmo de academias de ginástica, para manter os clientes monitorados. Com isso, ajusta as taxas da apólice de seguro a cada duas semanas ou a cada mês, na medida em que a aderência do cliente ao programa também varia. Clientes que se mantém consistentemente numa faixa “ótima”, obtém as melhores taxas. E tudo isso associado a recomendações médicas, de nutricionistas, especialistas em fitness e outros profissionais dessa rede organizada para ajustar a medicação a níveis precisos e melhorar a qualidade de vida das pessoas.

“A gestão do risco é uma responsabilidade comum dos médicos, da empresa de seguro e do paciente”, diz Prahalad, para quem a ICICI fornece tanto um produto do segmento da saúde quanto do segmento de seguros.

Baseado no livro The New Age of Innovation: Driving Cocreated Value Through Global Networks.

Starbucks versus McDonald`s (Parte 1)

5373guerraOlá meus caros leitores, bom dia!
PARTE 2 – No Blog
Essa semana resolvi postar uma breve análise sobre a estratégia de negócios da McDonald`s Versus Starbucks.

O lucro da Starbucks no terceiro trimestre de 2008 despencou 97% enquanto seu mais novo concorrente o McDonald`s registravam aumento nas vendas em todo o mundo de 9,9%, naturalmente segue-se uma pergunta, como isso é capaz? Uma empresa como a StarBucks registra perdas de 97%, enquanto seu novo concorrente cresce quase 10% no período?

Segue algumas ações estratégicas do McDonald`s, em meio esse tempo de dificuldades econômica, na qual foi o diferencial nesses indicadores aqui demonstrados:

  • Lançou linha totalmente nova de ofertas especiais;
  • Combinou preços mais baixos e quantidades menores;
  • Criaram-se marcas próprias;
  • Proporcionou valores diferentes aos clientes.

Essa ação de ataque direto se agrava na pretensão do McDonald`s em oferecer em seus Pontos de Vendas balcões especiais para serviços de café especiais de alta qualidade, no estilo Starbuck`s. Baseado nas suas experiências em pequenas incursões no mercado de café onde obteve êxito, e experiência para alavancar esse ataque direto.

Os fatores de sucessos principais que podemos listar:

  • Experiência anterior obtida em um momento de “normalidade” econômica;
  • O desenvolvimento da ótica de valor do cliente, com a máxima, não quer a Ferrari no momento? Tenho um UNO, de ótima qualidade!
  • Demonstrou o valor para o cliente, com a utilização de novas marcas, explorando nichos, sem cair suas margens em seus produtos da linha TOP.

Erros estratégicos são evidentes, em um momento de salve quem puder, as empresas tendem partir para um princípio mais básico, vamos baixar os preços e o instinto de sobrevivência, pode fadar as organizações a se depredar e não obter sucesso em seus resultados de médio e longo prazo.

No próximo post, vou falar sobre alguns possíveis Erros Estratégicos da Starbucks e seus impactos…

Até breve!!!

Ricardo Santos

Jogar para ganhar, e não para não perder

George Kohlrieser ensina não só como negociar em situações com reféns, mas também como se aplica ao mundo dos negócios. Veja a cobertura da palestra que levantou a plateia do Fórum Mundial de Negociação 2009.

Na primeira palestra da tarde desta quarta-feira (30/09), durante o Fórum Mundial de Negociação, o professor George Kohlrieser falou sobre a solução de conflitos com por meio da conversa. Ao longo de pouco mais de duas horas de exposição, usou exemplos práticos de sua experiência como negociador da polícia e do FBI, nos Estados Unidos, envolvido em situações de risco como lidar com reféns em prisões, em bancos, ameaças terroristas, além de ele próprio ter sentido na pele o que significa estar sob a mira de uma arma e ter de usar a conversa para reverter o jogo.

“Seja você um refém psicológico ou físico, o importante é não se tornar vítima de si próprio”, afirmou, ao resumir que o segredo para o sucesso envolve afinidade, foco, disponibilidade de ceder e pensamento positivo. Ao final, arrancou aplausos de pé da plateia.

“Conflitos mudam o destino”. Foi com essa frase que o professor abriu sua apresentação, antes de apresentar a definição para o termo: uma diferença entre duas ou mais pessoas ou grupos, caracterizada por tensão, emoção, discordância e polarização, em que a afinidade é quebrada. “E negociação é a melhor ferramenta para se resolver e lidar com conflitos”, continuou. Para isso, é fundamental talento e habilidades de liderança para conduzir essas situações. “Grandes líderes são aqueles que sabem superar episódios desse tipo. Todos eles têm em comum o fato de terem chegado lá devido a seus erros, a suas derrotas, pois quem não erra não aprende a atingir seu máximo”, diz.

Para se fazer a diferença na solução de conflitos, em negociações ou conquistar a aceitação como líder, deve-se jogar para ganhar, e não para não perder, como fazem 80% das empresas. Estar ciente dos riscos de um tropeço faz parte do processo, mas o segredo para a vitória é o pensamento positivo e foco. “Quem corre uma maratona não pode se focar na dor. Quem faz isso para de correr. O importante é pensar no objetivo final, que é completar a prova”, comentou.

Solucionar conflitos é um ciclo vicioso, cuja solução passa inevitavelmente pela busca por afinidade com o outro lado. “Isso, vocês, brasileiros, levam vantagem sobre muitos outros povos, pois são alegres. E um sorriso no rosto é sempre uma excelente maneira de se começar”, diz. O processo todo é precedido por uma perda, passa por um desgosto e, para chegar a um final feliz para os dois lados, é preciso de compreensão e conforto. Perceber esses dois processos, presentes todos os dias na vida de qualquer empresa, faz parte do papel de um verdadeiro líder. Para se chegar a um acordo, os dois lados precisam estar dispostos a ceder para receber algo em troca.

Para ilustrar a situação, Kohlrieser usou o exemplo da primeira vez em que se tornou refém em uma negociação policial. Em um hospital, um sujeito chamado Sam mantinha uma mulher ameaçada por uma tesoura. Mal entrou na sala, Sam se estressou, gritou e cortou o pescoço da vítima – por sorte sem risco a sua vida. Em seguida, o agressor foi em sua direção. “Tinha de tomar uma decisão em questão de segundos. Me jogo no chão e tento impedi-lo? Faço um sinal para que a polícia entre? Ou fico aqui e tento conversar?”, lembra, ao citar que optou pela terceira opção, mesmo que a tesoura já estivesse em seu pescoço e Sam dissesse que queria matá-lo, se matar e que não tinha mais motivos para se importar com a família.

Isso até ele começar a responder às perguntas do negociador. “Se alguém te ataca, nem sempre atacar de volta é a melhor saída. Fazer as perguntas certas é o segredo. Em vez de dizer: ‘largue a tesoura!’, por que não ‘Sam, para que você precisa dessa tesoura?” Aos poucos, disse o palestrante, a situação foi contornada, a refém foi libertada, o agressor se entregou e, no final, agradeceu: “George, obrigado por não me deixar matá-lo”. Entender a perda de Sam, os conflitos em sua família foram fatores cruciais para o sucesso da negociação, diz o palestrante. “Qualquer um pode fazer isso. Basta acreditar e se dedicar”, finalizou.

O mercado é uma guerra?

5373guerra Especialista faz fala sobre as similaridades entre as táticas de guerra e as estratégias de gestão no ambiente corporativo.

No final da Segunda Guerra Mundial, o governo americano fez aprovar uma lei que dava aos ex-combatentes o direito de ingressar gratuitamente no ensino superior.  Muitos deles optaram pelas faculdades de administração. Oficiais graduados, com experiência multinacional, visão de mundo, experiência de logística, capacidade de comando e foco em objetivos, habituados a tratar o outro lado como um inimigo a ser vencido, chegaram às grandes empresas e galgaram rapidamente a hierarquia organizacional. Muitos se deixaram ficar na Universidade, e influenciaram as bases do pensamento gerencial.

A mesma lei foi estendida aos veteranos da guerra da Coréia, em 1953, e depois da guerra do Vietnã, em 1966. Os números impressionam: 6 milhões de combatentes da Segunda Guerra ingressaram na universidade (em 1947, os veteranos representavam 49% de todas as matrículas no ensino superior americano);  1,2 milhões de veteranos da Coréia; e 6,8 milhões do Vietnã.

Mas a Segunda Guerra Mundial e a guerra do Vietnã foram diferentes na essência.

A luta na Europa e no Pacífico tinha uma justificativa heróica: a defesa contra a agressão nazista para proteger o mundo livre da perspectiva de uma ditadura cruel, e terminou em vitória, com imenso apoio popular. Os militares que dela saíram para uma carreira gerencial ou acadêmica foram os veículos da expansão americana, campeões da ideologia democrática, conquistadores de mercados estrangeiros e não mais de territórios inimigos. Sua vida executiva coincidiu com uma era de euforia, crescimento, bem-estar e aumento inédito da qualidade de vida. Os sucessos conseguidos funcionaram como validação de seus métodos.

Os egressos do Vietnã têm outra história para contar. Ressentidos, agressivos, reprovados por grande parte da população, retornaram derrotados de uma guerra suja e sem sentido. Nela, os americanos eram os agressores, contra um exército maltrapilho, invisível e guerrilheiro de um pequeno país perdido no mapa. Ao contrário dos campos da Europa e dos mares do Pacífico, os combates eram travados em selvas fechadas, em meio a monções e lamaçais.

E sua chegada ao “mercado” coincidiu com os instantes mais agudos da competição global. A década de 1970, que viu a derrota americana no Vietnã, assistiu também à invasão japonesa aos mercados mundiais. Impossível desprezar o significado simbólico desse fato: os japoneses, adversários vencidos da Segunda Guerra, “invadiram” os Estados Unidos com seus produtos eletrônicos e seus automóveis, compraram alguns dos prédios mais sofisticados de Manhattan – numa versão capitalista do ataque ao World Trade Center – e jogaram os Estados Unidos numa das piores recessões de sua história econômica.

A prática e a doutrina gerencial nascidas desses oficiais que, saídos do Vietnã, optaram pela vida acadêmica e executiva têm uma ferocidade nunca vista no mundo dos negócios.

E praticamente todas as grandes empresas americanas, nos mais diversos setores de mercado, tiveram militares oriundos do Vietnã como presidentes, membros de suas diretorias, ou consultores. Todas, sem exceção, continuam tendo seus executivos formados em teorias que ainda trazem essa marca, através das grandes faculdades de administração.

A guerra é o sintoma mais evidente do esgotamento de um ciclo, uma situação limítrofe onde a normalidade se esvai. Cessa o diálogo. Suspendem-se direitos humanos. Aceita-se a morte. Pratica-se a tortura. Mente-se. Controlam-se os meios de comunicação. Restringem-se as liberdades individuais. Não há adversários, apenas inimigos. Inimigos merecem ódio, e devem ser aniquilados.

A guerra prolongada gera cansaço, produz consumo irracional pela falta de perspectivas de futuro, degrada os valores humanos. O estado de guerra ininterrupta é, por definição, insustentável. Não há sociedade na história que tenha conseguido sobreviver assim. E portanto, cedo ou tarde, as guerras acabam.

Porém, ao contrário da guerra verdadeira, que termina com a vitória, a “guerra” do mercado não tem fim, não existe vitória definitiva, não existe sossego. Vencer significa tão-somente produzir um ganho maior para os acionistas a cada trimestre, sabendo que qualquer passo em falso pode significar o fim da empresa, o fim dos bônus, o fim do emprego, o fim do status. A derrota. Mesmo onde não há acionistas anônimos, esse modo de pensar foi incorporado à vida das organizações.

Daí a hipercompetição, a paranóia, o medo permanente. Os executivos passaram a viver sob a perspectiva de um ataque iminente por parte de competidores ou predadores corporativos que aplicam as suas mesmas técnicas de marketing de guerra e de guerrilha.

Mas se tudo isso é tão tipicamente americano, por que então o fenômeno não ficou limitado aos EUA?
As explicações são muitas, dentre elas:

• As estratégias de guerra foram mais um vetor do predomínio americano na economia global.

• Seu sucesso fez com que fossem emuladas inclusive pelas principais escolas de administração da Europa – que podem ter suas idiossincrasias, porém, na essência, formam o mesmo executivo “global”.

• A maioria esmagadora dos livros de negócios tem origem nos Estados Unidos.

• Os Estados Unidos lideraram a primeira onda da globalização, com as grandes empresas multinacionais, e também a segunda onda, apoiada nos fluxos financeiros em tempo real e na integração das cadeias de valor.

• É principalmente americana a inovação em tecnologia da informação que impulsiona esse movimento.

• O PIB americano, em 2008, respondia sozinho por 20% do PIB global, o que denota o predomínio das empresas americanas no cenário mundial.

Tão forte é esse apelo que até sociedades menos afeitas à agressividade, como os países orientais, vêm se dobrando progressivamente aos mesmos comportamentos. Países que até há pouco tempo eram comunistas abraçaram a “economia de mercado”. E as nações em desenvolvimento olham para os Estados Unidos com um misto de revolta e inveja.

Seria ingênuo imaginar que essas práticas e conceitos possam ser modificados com facilidade. Porém é urgente entender que o modelo militar aplicado aos mercados se tornou economicamente, empresarialmente, socialmente, ecologicamente e psicologicamente insustentável.

“As metáforas militares nos induzem a pensar e a ver tudo em termos de luta, conflito, guerra. Essa perspectiva limita nossa imaginação quando consideramos as alternativas nas situações que gostaríamos de compreender ou mudar.” Autora: Deborah Tannen.

Por Fernando Barcellos Ximenes (criador do projeto “A Empresa Necessária”, cuja finalidade é discutir, sem ingenuidade nem preconceitos, a viabilidade de novos princípios de gestão. Website:www.fernandoximenes.com.br)
HSM Online
14/09/2009

Estratégia e Competição: 10 tendências a monitorar

Depois de um ano inteiro com a atenção totalmente voltada à crise, muitos executivos começam de novo a olhar para o futuro.

Ao voltarem a pensar em termos estratégicos, terão de estar constantemente avaliando o que mudou no cenário econômico.

Para tal, uma boa saída é ficar de olho nas forças subjacentes exploradas em artigo de Eric Beinhocker, Ian Davis e Lenny Mendonça da McKinsey & Company, para Harvard Business Review, julho 2009.

Neste artigo, os autores, discutem a atual trajetória de dez tendências particularmente importantes;

  1. Recursos sob pressão
  2. Globalização sob ataque
  3. Confiança em empresas se esvai
  4. Um papel maior para o Estado
  5. Administração como ciência
  6. Novos padrões de consumo
  7. Ascenção da Ásia
  8. Setores de cara nova
  9. Inovação segue em frente
  10. Estabilidade de preços em dúvida

A conduta estratégica da empresa deve estar muito bem casada a essas trajetórias. Por exemplo, dado o recente desaquecimento de uma tendência que parecia irrefreável – a globalização -,é preciso reavaliar o modelo de negócios sob distintos cenários futuros.

Esse modelo serviria para um mundo mais protecionista ou é bom apenas em um cenário de livre e justa circulação de bens, capital e talentos?

Com as mudanças, produzir em certos lugares do planeta perdeu sentido?

Certas operações no exterior perderam seu valor?

Certas atividades básicas são mais difíceis de realizar?

Paralelamente, se os EUA deixam de ser o motor mundial do consumo, será preciso olhar cada vez mais para China e Índia, onde o nível do consumo cresce a passos largos.

Já em mercados maduros, a empresa deveria dar atenção renovada a um nicho no qual ainda há demanda: o de consumidores com mais de 50 anos de idade.

Fonte: Harvard Business Review, julho 2009.

Depois de um ano inteiro com a atenção totalmente voltada à crise, muitos executivos começam de novo a olhar para o futuro.

Ao voltarem a pensar em termos estratégicos, terão de estar constantemente avaliando o que mudou no cenário econômico.

Para tal, uma boa saída é ficar de olho nas forças subjacentes exploradas em artigo de Eric Beinhocker, Ian Davis e Lenny Mendonça da McKinsey & Company, para Harvard Business Review, julho 2009.

Neste artigo, os autores, discutem a atual trajetória de dez tendências particularmente importantes;

  1. Recursos sob pressão
  2. Globalização sob ataque
  3. Confiança em empresas se esvai
  4. Um papel maior para o Estado
  5. Administração como ciência
  6. Novos padrões de consumo
  7. Ascenção da Ásia
  8. Setores de cara nova
  9. Inovação segue em frente
  10. Estabilidade de preços em dúvida

A conduta estratégica da empresa deve estar muito bem casada a essas trajetórias. Por exemplo, dado o recente desaquecimento de uma tendência que parecia irrefreável – a globalização -,é preciso reavaliar o modelo de negócios sob distintos cenários futuros.

Esse modelo serviria para um mundo mais protecionista ou é bom apenas em um cenário de livre e justa circulação de bens, capital e talentos?

Com as mudanças, produzir em certos lugares do planeta perdeu sentido?

Certas operações no exterior perderam seu valor?

Certas atividades básicas são mais difíceis de realizar?

Paralelamente, se os EUA deixam de ser o motor mundial do consumo, será preciso olhar cada vez mais para China e Índia, onde o nível do consumo cresce a passos largos.

Já em mercados maduros, a empresa deveria dar atenção renovada a um nicho no qual ainda há demanda: o de consumidores com mais de 50 anos de idade.

Fonte: Harvard Business Review, julho 2009.

Inteligência e Contra Inteligência

As organizações têm sofrido perdas consideráveis de mercado. Isso se dá por diversas variáveis incontroláveis, mas altamente previsíveis e acompanháveis. Porém muitos decisores não atentam e não buscam observar essas variáveis. Hoje o mundo é totalmente interligado com o fator da globalização, fica assim evidenciado  a necessidade de um acompanhamento ainda mais sistêmico,portanto o olhar fora da organização se torna uma realidade emergente.  Com esse cenário não basta apenas um olhar dentro do seu mercado, mas concentrar em todo perímetro é de fundamental importância para a sobrevivência sustentável da organização

Com isso, apresento aos senhore(a )s leitores o curso de Inteligência e Contra Inteligência promovido pela Escola Superior de Inteligência, um curso que vai mudar e muito seu olhar sobre o mundo. Entre e confira :

Folheto NOVO1

Grande abraço,

Ricardo Santos

Contra informação e propaganda

NIVALDO CORDEIRO | 18 AGOSTO 2008
ARTIGOS – DESINFORMAÇÃO

Mentiras para enganar a opinião pública e pesquisas contestáveis sobre tendências do eleitorado talvez nem precisem ser utilizadas em breve, tamanho o grau de autoritarismo que já existe no país.

Foi cirúrgico: ao tempo em que vieram a público as notícias sobre os e-mails encontrados no computador do terrorista Raúl Reys, comprometendo autoridades brasileiras ligadas ao PT, o ministro da Justiça, Tarso Genro, inventou o factóide de revisão da Lei de Anistia, atiçando a ira do meio militar. A notícia importante, a ligação de nossas autoridades com o terrorismo das FARC, sumiu como por encanto de todos os meios de comunicação, entrando em seu lugar o factóide inventado por Genro. Dias depois o bondoso Lula mandou seu ministro se calar, ficando o dito pelo não dito, mas o escândalo dos e-mails foi devidamente esquecido.

Fiquei muito impressionado com o poder da contra-informarão e o soberbo poder demonstrado sobre a mídia que têm os estrategistas do Planalto. Nem nos tempos do Regime Militar vi tamanha eficiência e grau de controle do poder constituído sobre a mídia. A notícia mais sensacional e importante de nossa grande política foi picada no triturador de papel, no caso as manchetes de jornais que deixaram de ser impressas.

Vou votar em Geraldo Alckmin para prefeito de São Paulo. É o melhor nome, o único em condições de vencer Marta Suplicy. Ontem (15/08) o IBOPE divulgou estranhíssima pesquisa, pela qual a candidata do PT abriu quinze pontos de vantagem sobre o candidato do PSDB. Como nenhum fato novo relevante aconteceu desde a última pesquisa divulgada (dava vantagem a Alckmin), só posso concluir que esses novos números ou têm forte viés de amostra (erro técnico) ou a mão deliberada do inimigo. A mesma técnica usada para apagar os rastros de Raúl Reys da mídia pode estar sendo utilizada para induzir o eleitorado a achar que Marta “já ganhou”.

Reiteradas vezes tenho apontado que o fato de São Paulo (prefeitura e Estado) não estar nas mãos do PT é o grande freio para as ambições totalitárias do partido governante. Não que José Serra seja alguém diferente do PT, ao contrário. Serra, assim como muitos dos que se filiam ao PSDB, comunga das idéias igualitaristas do PT e pratica objetivamente a mesma política. Ocorre que esses políticos não empunham mais a bandeira revolucionária e aceitam o jogo democrático da alternância de poder. No caso particular de Serra há um terceiro fator: seu grupo não se dá pessoalmente com o PT, até onde se sabe. O efeito “caciquismo” é importante para que o governador de São Paulo se mantenha longe da influência petista.

Mas Serra, por seu voluntarismo individualista, pode indiretamente estar ajudando o PT. Ao forçar a candidatura do prefeito Kassab contra suas próprias bases e contra as evidências de que Alckmin reúne as melhores condições para derrotar Marta Suplicy, põe água a mover o moinho do PT. De fato Serra, ao não se ligar publicamente ao candidato de seu partido e ao não somar esforços eleitorais consistentes – vale dizer, pôr recursos e energia na campanha – está fazendo o jogo do inimigo.

Uma eventual derrota de Geraldo Alckmin poderá comprometer mais do que a futura candidatura de Serra à Presidência da República, poderá significar a perda sucessiva da prefeitura de São Paulo e do governo do Estado. Marta, eventualmente vitoriosa, marchará resoluta para ganhar o governo do Estado. Aí o país inteiro ficará á mercê dos revolucionários que comandam hoje o Palácio do Planalto. O que está em jogo é o futuro da democracia no Brasil.

A miopia do grupo de José Serra reflete a miopia de nossa classe pensante, desde sempre, a de que o PT é um partido como outro qualquer. Não é. É um partido revolucionário que está à espera de acumular forças suficientes para colocar seu projeto totalitário em ação. Se seus dirigentes ganharem a prefeitura de São Paulo darão um passo gigante na direção de sua hegemonia. Aí até o projeto de re-reeleição de Lula sairá do papel com rapidez.

Mentiras como essas de Tarso Genro sobre a Lei da Anistia, para enganar a opinião pública, assim como essas pesquisas tecnicamente contestáveis sobre a tendência do eleitorado nem mais precisarão ser utilizadas como expediente. Podemos estar agora na véspera do poder totalitário.

Quais os limites da propriedade intelectual?

ENTREVISTA – CAROL PRONER

Em entrevista à Carta Maior, a pequisadora Carol Proner, autora de uma tese de doutorado sobre Propriedade Intelectual e Direitos Humanos, fala sobre o dever constitucional da função social da propriedade e o respeito aos direitos coletivos, hoje ameaçados pela pressão dos países ricos e seus conglomerados econômicos.

Marco Aurélio Weissheimer – Carta Maior

O debate sobre a propriedade do conhecimento vem ganhando crescente importância nos fóruns internacionais, em especial nas rodadas de negociação da Organização Mundial do Comércio (OMC), onde o tema da propriedade intelectual industrial tornou-se alvo de acirrada disputa. Trata-se de um tema ainda relativamente desconhecido da maioria da população, embora diga respeito a vários aspectos do nosso cotidiano. Os medicamentos genéricos são, provavelmente, a ponta mais conhecida desse debate, constituindo hoje um sério ponto de divergências entre o seleto clube das nações mais ricas do mundo e o resto dos mortais.

Em entrevista à Carta Maior, concedida por correio eletrônico, a pesquisadora Carol Proner, autora do livro “Propriedade Intelectual – Para uma outra ordem jurídica possível” (Cortez Editora), analisa o atual estágio deste debate, marcado por uma forte pressão dos países ricos pela liberalização do comércio e por uma maior proteção jurídica à propriedade intelectual, incluído as mais diversas áreas do conhecimento.

Doutora em Direito Internacional, pesquisadora da UniBrasil e da Universidade Pablo de Olavide, de Sevilha (Espanha), Carol Proner sustenta em seu livro que “a liberalização acrítica avança em todos os setores do comércio, trazendo conseqüências desastrosas para economias que não possuem estrutura para suportar a concorrência de produtos e serviços”. Neste cenário de subdesenvolvimento e subordinação tecnológica, acrescenta, “a propriedade intelectual industrial cumpre um papel fundamental no sentido de aprofundar as desigualdades tecnológicas”.

Além disso, esse debate está relacionado ao direito de comunidades tradicionais e indígenas, detentoras de rica biodiversidade e conhecimentos tradicionais. Vivendo, na maioria das vezes, em condição de pobreza, essas comunidades não são capazes de defender seus direitos e sofrem a. ameaça do patenteamento desse conhecimento por parte de grandes grupos privados transnacionais, assinala Proner.

Carta Maior: Em que a atualidade do debate sobre a propriedade intelectual coloca em questão as noções tradicionais de propriedade?

Carol Proner: O debate atual sobre propriedade intelectual também é o debate sobre a propriedade tradicional de bens e seus limites: o dever constitucional da função social da propriedade e o respeito aos direitos coletivos. No campo das patentes de invenção, a utilização do conhecimento tradicional de comunidades é alvo de apropriação e especulação sem contrapartida social. A comercialização dos direitos de patentes afeta áreas essencialmente públicas como a saúde humana, tendo nos medicamentos o exemplo mais importante. No caso do direito de autor, a política do commons pode trazer um novo enfoque para aproximar os frutos da obra de seus legítimos criadores e estender os benefícios à sociedade.

CM: Qual a especificidade da propriedade intelectual?

CP: A expressão em si é o oposto, é ampla e abarca os direitos de autor, direitos conexos, marcas, indicações geográficas, desenhos industriais, topografias de circuitos integrados, proteção de informação confidencial, o direito da concorrência e patentes. Também por esta razão torna-se tão complexa a análise das temáticas dentro da grande disciplina “propriedade intelectual” e existem abordagens muito diferentes entre o direito de patentes e o direito do autor. Enquanto este direito está normalmente ligado ao autor e inventor individual ou coletivo, aquele na maioria das vezes envolve grandes empresas transnacionais com resultados econômicos extraordinários. As conseqüências são distintas em cada grande ramo e a abordagem crítica também. Podemos estar falando dos grandes monopólios farmacêuticos ou bioquímicos ou do direito individual e personalíssimo do autor da obra literária e estaremos tratando de propriedade intelectual.

CM: Como o tema da biodiversidade deveria ser abordado num enfoque democrático da propriedade intelectual?

CP: A biodiversidade é um dos temas fundamentais a serem reivindicados atualmente. O direito das comunidades locais, tradicionais e indígenas, detentoras da biodiversidade agrícola e silvestre, e que por condição de pobreza e miséria não são capazes de defender seus direitos. Essas comunidades são detentoras de um patrimônio genético, um conhecimento tradicional extremamente rico e que poderia reverter em benefício para ao menos melhorar as condições de vida dessas populações. O enfoque democrático seria encontrar os meios de estender ou repartir às populações os benefícios da biodiversidade. Uma forma democrática de defender juridicamente este direito é que a concessão de patentes derivadas do acesso a recursos genéticos e conhecimentos tradicionais exija a declaração de origem e o certificado de procedência legal desses recursos, posição defendida pelo governo brasileiro nas negociações internacionais sobre o tema.

A declaração de origem e o certificado de procedência legal informam em que bioma, local e comunidade foi feito o acesso aos recursos genéticos, além de identificar em que condições ele foi realizado e quais informações foram utilizadas para tanto. Os dois documentos podem facilitar a tarefa das populações tradicionais que queiram exigir a repartição dos benefícios de pesquisas ou produtos realizados a partir de seus conhecimentos e recursos.

CM: Qual a novidade dos medicamentos genéricos em relação aos conceitos tradicionais de propriedade?

CP: No Brasil a Lei 9.787/99, de 10 de fevereiro de 1999, define como sendo Genérico o medicamento similar a um produto de referência ou inovador, que se pretende ser com este intercambiável, geralmente produzido após a expiração ou renúncia da proteção patentária, comprovada a sua eficácia, segurança e qualidade. Os médicos deverão receitar os medicamentos pelo nome do seu princípio ativo e não mais pelo nome comercial do remédio Trata-se de uma intervenção do Estado com resultados concretos no acesso aos medicamentos, estimulando a concorrência entre fabricantes e reduzindo preços. Nos EUA a prática é utilizada desde 1984 e acarretou redução de até 40% no preço em relação a medicamentos de marca. Uma das formas de adquirir medicamentos mais baratos é permitir a produção local de um remédio patenteado para atender a necessidade interna. A outra forma é a importação do genérico apesar de o composto ter direitos de exclusividade. O tema da importação de medicamentos genéricos pelos países da OMC é objeto de disputa entre países que possuem um forte setor farmacêutico e outros que precisam importar. Os Estados Unidos, a Suíça, a Alemanha, a Grã-Bretanha e outros países ricos insistem em restringir a importação de genéricos a medicamentos para tratamento de doenças infecciosas, como Aids, malária e tuberculose. Os países em desenvolvimento não querem qualquer restrição à importação de genéricos.

CM: Qual o significado dos commons e sua importância?

Os commons têm sido definidos como “espaços institucionais em que podemos praticar um tipo particular de liberdade, a liberdade em relação a restrições que são normalmente impostas pelos requisitos dos mercados”. Esse conceito de Yochai Benkler, professor titular da Escola de Direito de Yale é trabalhado com excelência no livro Comunicação Digital e Construção dos Commons (Editora Fundação Perseu Abramo) do qual também participa Sérgio Amadeu da Silveira trabalhando o tema redes virais e espectro aberto. Não creio que exista consenso acerta da aplicação dos commons, mas é fato que a idéia tem sido conectada a valores de liberdade, criatividade, democracia e mais especificamente ao direito de autor. A expressão suscita controvérsias porque supõe liberdades anárquicas, abertas indiscriminadamente e sem regras. Estes prejuízos tendem a se dissolver com o fortalecimento teórico da idéia de commons e com sua aplicação prática que já acontece fortemente na internet. As práticas de compartilhamento de conteúdos e conhecimento que são experimentadas na internet estão no dia a dia das pessoas, na utilização de serviços de provedores como yahoo, msn, google, youtube, orkut, wikipedia e tantos outros que praticam uma espécie de “espírito da dádiva”, gift economy, estudada por algumas universidades canadenses e americanas. Essa nova mentalidade assusta um pouco, mas traz uma nova forma de pensar o conhecimento e o compartilhamento em sociedade. É um desafio.

CM: Qual tem sido a política do governo brasileiro em relação à propriedade intelectual?

CP: É preciso reconhecer que o Brasil tem conseguido discutir os temas prioritários da propriedade intelectual graças ao posicionamento governamental adotado interna e internacionalmente. A quebra de patentes de medicamento Efavirenz, produzido pelo laboratório norte-americano Merck abriu um precedente internacional que balizou a conduta de outros países. O posicionamento do país com relação à biodiversidade também é inédito comparativamente e creio que o Ministério da Cultura também apresenta novidades quando defende o direito autoral como elemento essencial de uma política cultural: um direito autoral que privilegie o acesso à cultura, à informação e ao conhecimento. A teoria do commons tem muito a dizer nesta seara. O governo tem salientado que se propõe a promover o equilíbrio entre os direitos conferidos pelas leis de direitos autorais e seus titulares e os direitos dos membros da sociedade de terem acesso ao conhecimento e à cultura, de forma que estes direitos efetivamente estimulem a criatividade. Vejo com outro grande desafio porque o tema polemiza com setores artísticos e literários que vêem a política como uma ameaça a seus direitos.

CM: Em que temas prioritariamente os movimentos sociais e a esquerda brasileira deveriam se concentrar na discussão e nas lutas em torno da propriedade intelectual?

CP: O Brasil precisa de massa crítica em todas as temáticas, mas penso que os dois temas mais importantes na atualidade são a biodiversidade e o direito de autor revisitado.

http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=14700&editoria_id=7

Que informações sobre os clientes devem ser guardadas? Quais devem ser eliminadas?

A Heartland Payment Systems, processadora de cartão de crédito, pode ter colocado à disposição de hackers mal-intencionados cerca de 100 milhões de registros. As processadoras de pagamentos CheckFree e RBS Worldpay, bem como o site de empregos Monster.com, informaram que seu banco de dados foi invadido recentemente. O mesmo aconteceu a universidades e agências do governo. Especialistas da Wharton dizem que o armazenamento de dados pessoais é, cada vez mais, um risco para as empresas. Para eles, a solução consiste, em parte, em minimizar as informações que essas empresas mantêm sobre seus clientes.

De acordo com Eric Bradlow e Peter Fader, professores de marketing da Wharton, as empresas deveriam recorrer a uma técnica conhecida como “minimização de dados”. Em outras palavras: preservar os dados do cliente de que a empresa precisa para sua vantagem competitiva e eliminar o resto. “Creio que há um receio e até mesmo uma certa paranóia entre as empresas de que […] a eliminação de qualquer informação sobre o cliente, por menor que seja, vai dificultar seu funcionamento”, diz Bradlow. “As empresas continuam a acumular dados pensando em possíveis dias de vacas magras. Não estamos aconselhando a que se desfaçam dos dados de forma impensada, mas que utilizem aquilo de que precisam para suas previsões e se livrem do resto.”

O problema da estratégia de acumulação de dados é que as empresas não têm como usar a maior parte das informações que têm armazenadas, acrescenta Fader. Enquanto isso, elas vão juntando uma porção de dados em busca do sonho ilusório do marketing personalizado que, segundo Fader, é apenas “um mito. A melhor coisa a fazer é colher informações de tal modo que as empresas possam predizer algo do tipo: ‘De todas as pessoas que compraram cinco vezes ou mais, quantas vezes será que pretendem comprar no ano que vem?’”

Fader e Bradlow discutiram os conceitos de minimização do volume de dados estocados durante a apresentação de estudos sobre o assunto em recente Congresso de Melhores Práticas de Segurança de Informações da Wharton. Os estudos apresentados por ambos mostram como é possível às empresas prever o comportamento do consumidor mesmo com um volume mínimo de dados.

Contudo, a minimização da quantidade de dados não é nenhuma panacéia, observa Eric Clemons, professor de gestão de operações e de informações da Wharton. Algumas indústrias, como a de seguros ou de cartão de crédito, talvez necessitem de dados detalhados do cliente para fins de vantagem competitiva. Enquanto isso, empresas que atuam como depósito de dados dos clientes preocupam-se agora com a instalação de mecanismos de defesa e de procedimentos mais aprimorados para salvaguardar suas informações.

“O principal argumento hoje em dia reza que um maior volume de dados melhora a precisão do alvo”, observa Andrea Matwyshyn, professor de estudos jurídicos e de negócios da Wharton. “Contudo, há outros riscos associados à armazenagem de informações. Nem sempre mais é sinônimo de melhor.”

O custo da invasão de um banco de dados em 2008 foi de US$ 202 por registro comprometido, um aumento de 2,5% em relação a 2007, quando esse valor era de US$ 197, de acordo com o Ponemon Institute, de Michigan, que faz pesquisas e dá assessoria sobre questões relacionadas à privacidade e à segurança de informações. As estimativas do Ponemon baseiam-se em entrevistas com empresas que tiveram seus registros de clientes invadidos com comprometimento do número do cartão de crédito e, em alguns casos, de informações pessoais. Depois de uma invasão, as empresas quase sempre contratam uma consultoria de segurança, de assessoria jurídica e oferecem serviço de monitoração para os clientes prejudicados. O instituto constatou também que as empresas sempre perdem parte de sua clientela no ano seguinte à invasão do banco de dados. As empresas de saúde e de serviços financeiros, por exemplo, perderam 6,5% e 5,5% de seus clientes, respectivamente, depois de incidentes desse tipo.

Fader e Bradlow dizem que as empresas colocam desnecessariamente em risco sua reputação ao acumular dados com poucas possibilidades de retorno para o seu negócio. Embora as empresas, via de regra, revelem os dados que mantêm através de declarações de privacidade poucas vezes lidas, o consumidor ainda se surpreende sempre que há uma invasão. “As empresas colhem muitos dados sem se dar conta do trabalho que isso exige”, diz Fader. “E como trabalham com quadros extremamente enxutos, não têm como gerir adequadamente toda essa informação. A estocagem de dados detalhados é uma bênção e uma maldição ao mesmo tempo.”

O que guardar?

O verdadeiro desafio para as empresas consiste em avaliar quais informações sobre o cliente devem reter, diz Fader, acrescentando que elas talvez estejam mantendo um volume excessivo de dados porque não sabem exatamente o que querem. “A redução do volume de dados não se esgota nos dados propriamente ditos. Só se pode minimizar o volume de dados depois que se souber o que fazer com eles. Que elementos são necessários para que a empresa tenha condições de prever o comportamento do consumidor?”

A impossibilidade de responder a questões difíceis como essa, diz Bradlow, poderia ser uma das razões pelas quais as empresas optam por manter o maior volume possível de dados — uma estratégia não muito boa, já que muitas empresas não sabem o que fazer com os dados que têm.

Fader e Bradlow recomendam uma estratégia simples para a redução do volume de dados. Em primeiro lugar, as empresas precisam ter em mente quais as informações de que têm necessidade para rastrear o comportamento do consumidor. Em seguida, juntar essa informação — contas de supermercado, freqüência de compras em lojas e vendas eletrônicas de um determinado varejista — e associá-la a um período definido de dois a quatro meses, por exemplo. Com todas essas informações, a empresa pode criar histogramas — representações gráficas dos dados agregados — e eliminar os dados originais.

Fader diz que os histogramas oferecem índices de precisão próximos do direcionamento individual, mas sem os riscos correspondentes. A eliminação das informações individuais baixa os custos porque as empresas não têm de garantir a segurança de informações em trânsito, não precisam armazenar e nem analisar dados, tampouco têm de enfrentar uma montanha de regulamentações espalhadas pelo mundo todo. “A manutenção dos dados armazenados tem um preço elevado porque a cada minuto é preciso protegê-los”, diz Bradlow. “A maior parte das empresas sabe que não tem condições de fazer marketing personalizado, por que então não guardam só aquilo que for, de fato, importante?”

De acordo com Matwyshyn, a discussão proposta por Fader e Bradlow abriu os olhos dos especialistas em privacidade e procedimentos jurídicos presentes ao congresso sobre segurança da Wharton. Resta saber se esses especialistas, marqueteiros e profissionais da área de segurança estão de acordo com a ideia de que a minimização dos dados disponíveis é um passo importante. “É fundamental que a questão seja discutida”, diz Matwyshyn. “Os marqueteiros e os especialistas em privacidade talvez não estejam assim tão distantes uns dos outros quanto as pessoas supõem.”

Fader e Bradlow estão cientes de que a discussão sobre a minimização do volume de dados está só começando. Para que se torne regra, a administração da empresa, funcionários da área de segurança, a assessoria jurídica e a equipe de marketing terão de chegar a um consenso sobre a coleta de dados do cliente. Os especialistas do setor jurídico e de privacidade deverão apoiar a redução do volume de dados, enquanto os marqueteiros dirão que é necessário preservar todo dado que puder ser colhido.

Em busca de clientes lucrativos

Além do que foi dito, a minimização de dados irá variar conforme a indústria em que é praticada. De acordo com Clemons, os dados podem ser uma vantagem competitiva para muitas empresas. A Capital One, por exemplo, utilizou dados do cliente para segmentar melhor sua clientela mais lucrativa e para buscar outros clientes semelhantes na concorrência. Nesse exemplo, as informações sobre o cliente conduziram a modelos de preços variados — como, por exemplo, modelos baseados nas taxas de juros que oscilavam conforme os índices de crédito do cliente — que maximizavam o lucro a partir do decil mais elevado, ou 10% dos clientes. “De acordo com os modelos de preços uniformes de meados dos anos 90, o decil superior de clientes gera 150 vezes mais lucros do que a média”, diz Clemons. “A Capital One descobriu um meio de atrair os melhores clientes da concorrência.”

Em um estudo do qual foi um dos autores, Clemons constatou que a Capital One usava o que se chamava de estratégia baseada em informações, que permitia à empresa testar estratégias diversas baseadas nas diferenças entre ela mesma e as concorrentes. Essa estratégia permitiu a Capital One recorrer a um modelo de customização em massa. Esse modelo também gerou retornos, diz Clemons. A empresa teve retornos de dois dígitos sobre seu patrimônio e aumentos também na casa dos dois dígitos em vendas e crescimento do lucro graças a esse enfoque.

Clemons diz que a armazenagem bruta de dados do cliente leva a novas estratégias de preços. Ele concorda que o marketing personalizado é, no mínimo, uma ilusão, mas que a fixação de preços precisos — ou uma estratégia que permita descobrir exatamente quanto um cliente pagará por um certo produto ou serviço — talvez compense o trabalho de juntar tantos dados. “Não estou falando de perseguir um relacionamento ilusório de marketing individualizado com o cliente”, diz Clemons. “Estou falando de fazer a transição para a fixação precisa de preços, o que requer, sem dúvida, que se compreenda bem o cliente.”

Ao mesmo tempo, a empresa tem diante de si uma outra dificuldade: os dados eliminados hoje poderão ser valiosos amanhã. “Dez anos atrás, um dos meus clientes queria limpar seu banco de dados. Tratava-se de uma seguradora, mas no momento em que você limpa seu banco de dados, passa a saber tanto sobre sua clientela antiga quanto uma empresa nova do setor”, diz Clemons. “Esse modelo funcionava bem nos modelos de preços antigos, mas depois da desregulamentação do setor de seguros, a informação retirada do banco de dados poderá ser extremamente valiosa.”

No fim das contas, a opção de diminuição do volume de dados disponíveis se reduz a uma pergunta apenas: o que a empresa fará com os dados coletados?

“Se você está reunindo informações só por reunir, opte por uma estratégia de minimização”, diz Matwyshyn. “Se estiver fazendo alguma coisa com os dados como, por exemplo, se os estiver vendendo, nesse caso não haverá incentivo que baste para minimizar o risco.”

Para Bradlow, a redução do volume de dados coletados pode se vir a ser uma ferramenta de segurança da maior importância para as empresas, ainda que hoje não passe de um conceito acadêmico. “Os profissionais da segurança apoiarão a minimização de dados. Depois disso, será preciso convencer o mundo do marketing e começar a dar palestras fora da torre de marfim dos entendidos. Acho que as empresas vão aderir.”

A proibição de pensar

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No mundo moderno, as possibilidades de esclarecer são infinitamente maiores do que no passado. Todavia, os meios do esclarecimento são os mesmos que servem para produzir descerebrados, pessoas que nada ou pouco reclamam, aceitando o destino como algo inexorável e impossível de mudar.

Luís Carlos Lopes

O título deste artigo foi tomado de empréstimo de Slavoj Zizek, um dos pensadores europeus mais conscientes e merecedores de atenção, por diversas razões. Sua clareza e produtividade espantam a quem está acostumado a estilos obscuros e ilegíveis, ou ainda, a pensamentos circulares que não levam a nada. Nele, os problemas são formulados e as respostas fluem sem medo de errar. Seu senso moral é imbatível, bem como seu compromisso com um pensamento renovado, sem esquecer as longas raízes de uma visão crítica do mundo, nascida no século XIX e desenvolvida, com muitos percalços, no século passado.

Para quem vive no hemisfério sul, a obra do autor esloveno chama à atenção pelo seu universalismo e por sua capacidade crítica de resistir à tentação do eurocentrismo. Não é necessário concordar com ele em tudo. Entretanto, a leitura dos seus livros, fartamente traduzidos ao português, é uma aventura no terreno positivo das provocações intelectuais, demonstrando a validade de idéias e fatos históricos que forças poderosas prefeririam que fossem esquecidos ou permanecessem escondidos. Zizek examina velhas e novas teorias, faz a ligação do passado com o presente e desenvolve propostas que devem irritar profundamente os conservadores antigos e “modernosos” que, porventura, cheguem a ler suas obras.

As sociedades humanas tendem a desenvolver tabus, assuntos que não devem ser discutidos. Em versões mais suaves, discute-se o problema com a superficialidade aceitável pelo poder. Poucos ousam ir mais fundo e trazer à tona a vida que existe nas profundezas dos fatos históricos. No Brasil, isto não se passa de modo diverso. Não pensar virou moda, com o atual desprestígio da crítica escrita e falada. O forte “presentismo” atual tenta afogar quaisquer tentativas de iluminar o passado e mostrar as relações com o que hoje se vive. Também, o presente é tratado como algo que se deva aceitar de modo inelutável. Não se pode discutir seriamente o que já se passou. É, igualmente, proibido falar de modo mais ácido sobre o que está se passando agora.

A forte naturalização dos fenômenos sociais e políticos é moeda corrente nas mídias, sobretudo, nas que dominam o cenário. A publicidade e a propaganda política são, em muitos casos, exercícios radicais do não-pensamento e do culto aos preconceitos e a outras irracionalidades. Seria possível fazer uma lista extensa do que é varrido para debaixo do tapete ou tratado com imensa superficialidade, mesmo que seja assunto abundantemente abordado pelas mídias.

Um exemplo, apenas para ilustrar, é o modo que o crime é tratado pelas grandes mídias. A lógica usada é a mesma dos filmes de ação. Mocinhos e bandidos são exibidos com garbo, nem sempre é claro quem é quem. Não parece estranho, a você leitor, pessoas andando nas ruas das grandes e médias cidades brasileiras e nas suas comunidades pobres portando armas de guerra? Não é ainda mais esquisito o fato de não haver uma guerra para valer, como existe na Colômbia? E o que dizer das balas tracejantes que sobrevoam sua casa, iluminando o céu como fogos de artifício? E os helicópteros com seu imenso ruído e com soldados armados até os dentes? Tudo isto é tratado como coisas absurdamente naturais, com as quais se devem comungar e aceitar com a (in)tranqüilidade possível ou impossível.

Você que chegou até aqui, deve estar pensando em inúmeros assuntos que gostaria de compreender melhor. Coisas que te disseram, mas não te convenceram, a não ser, em um primeiro momento. A intriga funciona assim. Inicialmente convence e mobiliza consciências. Depois, gera uma imensa frustração porque se descobre – quando acontece ou foi possível -– o engano e a manipulação. A espiral da intriga tomou de assalto a sociedade brasileira e, com especificidades, o mundo atual. Facilmente, imagina-se que determinado assunto se está plenamente esclarecido. Em seguida, descobre-se que havia elementos antes desconhecidos ou censurados pelo poder de plantão.

O “deserto do real”, em uma das expressões bombásticas de Zizek, surge, por vezes, em um átimo. Para nos segundos seguintes, esconder-se atrás da nuvem de preconceitos e irracionalidades que caracterizam as trocas comunicacionais e informacionais do tempo presente. As mídias muito comumente operam este jogo de luzes. As sociedades estão treinadas a aceitá-lo como natural. Afinal, ele é repetido incansavelmente até que acreditem na sua veracidade.

Quase sempre não é agradável ver o real de perto. O escritor esloveno tem razão. Ele é desértico. Suas cores são borradas pela intensa luminosidade que quase cega quem tem a coragem de se aproximar. É mais confortável viver na penumbra, sobretudo, se quase todos a vivem sem problemas como na famosa caverna de Platão. É difícil convencer a muitos que é melhor sair da caverna e ver a luz do Sol. Há quem prefira, como advertiu o velho sábio grego, a escravidão, os grilhões que atavam os habitantes do mesmo local.

A fuga do real é um problema humano, tão antigo como a própria humanidade. Entretanto, ninguém sobrevive, com dignidade, tendo uma vida só de ilusões. Elas não enchem a barriga, não protegem ninguém da natureza e nem da exploração do homem pelo homem. Manter-se indefinidamente nelas significa negar sua própria natureza e a apacidade de qualquer um conhecer e interpretar o mundo. Logo, se está de frente a um paradoxo, talvez insolúvel.

Existem os que escolhem o papel terrível de alienar, de tentar impedir de todo jeito que se possa compreender o que está em volta. Na outra ponta, felizmente, a crítica e os críticos fazem exatamente o contrário, em diversos espaços sociais. No mundo moderno, as possibilidades de esclarecer são infinitamente maiores do que no passado. Todavia, os meios do esclarecimento são os mesmos que servem para produzir descerebrados, pessoas que nada ou pouco reclamam, aceitando o destino como algo inexorável e impossível de mudar. Tudo depende de quem tem a propriedade ou consegue influenciar os meios humanos e técnicos de comunicação.

Luís Carlos Lopes é professor, autor do livro “Culto às Mídias”, dentre outros.

Os interesses econômicos que sustentam o golpe em Honduras

xadrezHonduras tem muito petróleo, conforme mostraram as prospecções feitas por uma empresa norueguesa há um ano, a pedido do presidente Zelaya. O presidente deposto acionou judicialmente as empresas estadunidenses que vendiam petróleo caro a seu país e se juntou ao grupo Petrocaribe, criado pela Venezuela. O projeto de Zelaya para a nova Constituição previa que os recursos naturais de Honduras não poderiam ser entregues para outros países. O artigo é de Frida Modak, ex-secretária de imprensa do presidente Salvador Allende.

Frida Modak – ALAI-AmLatina

Completou-se um mês do golpe de Estado em Honduras e, como em toda a ditadura, se mantém o Estado de Sítio, as garantias individuais existem só no papel e os poderes Legislativo e Judiciário são um apêndice do regime de fato. Os hondurenhos, assim como a quase totalidade dos povos latinoamericanos, já viveram essa realidade antes e a rechaçam.

A comunidade internacional também rechaçou o golpe de 28 de junho e adotou acordos claros de condenação aos golpistas, demandando a restituição em seu cargo do presidente constitucional Manuel Zelaya. Mas as coisas já não são tão claras nem categóricas e os motivos são alheios aos interesses do povo hondurenho e dos latinoamericanos em geral. Da mesma maneira, as justificações dadas pelos golpistas não são verdadeiras porque o golpe serve aos interesses do grupo de poder encabeçado pelo ex-vice-presidente dos EUA, Dick Cheney, cujos operadores há tempo pululam pela região e buscam infiltrar-se nos governos.

O grupo de Cheney, do qual são parte também os Bush, se interessa fundamentalmente no petróleo, por isso invadiram o Iraque e o Afeganistão, avançaram contra o Irã e tentam derrubar o presidente Hugo Chávez, fazem o mesmo com Evo Morales, atacam o presidente equatoriano Rafael Correa e desejam o petróleo cubano da zona do golfo do México.

Honduras tem muito petróleo, como disse Gerardo Yong no dia 19 de julho. As prospecções foram feitas por uma empresa norueguesa há um ano, convocada pelo presidente Zelaya que, como já foi informado, acionou judicialmente as empresas estadunidenses que vendiam petróleo caro a seu país e se juntou ao grupo Petrocaribe, criado pela Venezuela.

A empresa norueguesa que fez as prospecções e as financiou, entregou um relatório ao governo de Zelaya e ficou com uma cópia que pode negociar com empresas que estejam interessadas na informação sobre essas reservas. Para além disso, porém, e isso se sabia, se fosse aprovada a consulta destinada a determinar se deveria ser instalada a quarta urna nas eleições de novembro, na qual se votaria sim ou não à convocação de uma Assembléia Constituinte, o projeto de Zelaya na eventual nova Constituição era estabelecer que os recursos naturais do país não poderiam ser entregues para outros países.

Em conseqüência, o pretexto para o golpe de Estado foi a consulta sobre a quarta urna, mas o objetivo foi evitar que se pudesse ditar uma Constituição que impedisse apoderar-se do petróleo hondurenho. Nessa conspiração, estiveram Otto Reich e sua “fundação” Arcadia, e o embaixador estadunidense em Honduras, Hugo Llores, nomeado pelo governo de Bush e Cheney. Mas também participaram do complô os donos dos meios de comunicação, porque se estimava que a nova Constituição deveria promover uma distribuição igualitária do espectro radioelétrico, garantindo a participação dos grupos comunitários. Daí a desinformação que sai hoje de Tegucigalpa.

As mediações

Na reunião da Assembléia Geral da OEA, realizada em São Pedro Sula, Honduras, viu-se que a secretária de Estado dos EUA não gostou da intervenção do presidente Zelaya em defesa da revogação da expulsão de Cuba desse organismo. Dado o escasso conhecimento da sra. Clinton sobre a América Latina e estando ela rodeada de funcionários do “establhisment” e de outros mais perigosos, como John Negroponte, sua reação ao golpe hondurenho foi superficial, assim como foram vagos os comentários iniciais feitos pelo presidente Obama.

Quando toda a América Latina e o Caribe, a Assembléia Geral das Nações Unidas e a União Européia já tinham condenado categoricamente o golpe e pediam a restituição de Zelaya, os EUA modificaram seu discurso e o Departamento de Estado propôs a mediação do presidente da Costa Rica, Oscar Arias, em um contexto que pedia, na verdade, o cumprimento dos acordos das entidades internacionais. Arias, que não foi “o” pacificador da América Central, porque foram muitos, e que recebeu um prêmio Nobel da Paz destinado originalmente a Costa Rica por ser um país sem exército, aceitou a mediação e entregou uma proposta que foi rechaçada pelos golpistas porque defendia a restituição de Zelaya na presidência. Então, elaborou outra fórmula, que satisfaz melhor os interesses estadunidenses, na medida em que converte Zelaya em uma figura decorativa e antecipa as eleições de novembro, com o que se passa um borrão, zera-se a conta, e o golpe de Estado desaparece em um passe de mágica.

Esta segunda proposta tropeça no mesmo obstáculo; o regime de fato sequer aceitou a restituição de Zelaya no cargo de presidente e deu início a uma farsa mediante a qual “consultarão” os outros poderes. O Legislativo se reuniu e tratou de vários pontos da proposta, menos o relativo à restituição do presidente. O poder Judiciário tampouco aceitou esse ponto, sobretudo pelo fato de que o presidente da Corte Suprema já reconheceu que ele também poderia ocupar a presidência de acordo com a “Constituição”, justificando o golpe como “um caso de necessidade”.

Neste contexto, o secretário geral da OEA buscou outros mediadores: os ex-presidentes Ricardo Lagos, do Chile, e Julio Maria Sanguinetti, do Uruguai, aos quais se somaria o peruano Rafael Pérez de Cuellar, ex-secretário geral da ONU. Ao escrever estas linhas ainda não havia sido formulada a idéia, mas outra equipe mediadora implica dar mais tempo ao regime de fato e, com isso, pode-se terminar avalizando a trapaça para chegar às eleições de novembro ou antecipá-las, deixando o golpe de Estado no limbo.

Os golpistas

Como se tornou visível, os golpistas vivem em um passado muito passado. Quando se reuniram no Congresso para “substituir constitucionalmente” a Zelaya, a sessão parecia com a de uma confraria de séculos atrás, com todo um cerimonial que já não é empregado em parte alguma. Seus chanceleres dão uma idéia do segmento social que representam. Ortez, o primeiro deles, retratou a todos quando disse a respeito de Barack Obama: “esse negrinho não sabe onde fica Tegucigalpa”. Mudaram-no de lugar, mas quando foi falar do secretário geral da ONU, repetiu a dose: “esse chinesinho que não me recordo como se chama”.

Ortez já está em sua casa, mas por ser imprudente e não porque suas palavras não representem o pensamento da soberba oligarquia hondurenha que tomou o poder, entre os quais há muitos com aparência de “negrinhos” e “chinesinhos” que não se vêm a sim mesmo como tais, mas sim ao povo que desprezam. Portanto, o desafio que representa a reação popular ao golpe é intolerável.

O grupo golpista é liderado por Roberto Micheletti, um empresário do setor de transporte que fez fortuna. Nunca conseguiu que seu partido, o Liberal, o nomeasse candidato à presidência; perdeu em todas as oportunidades que tentou e tem a fama de homem bruto. Na Secretaria de Defesa dos Direitos da Mulher há três denúncias contra ele, sendo que nenhuma delas foi levada adiante pelo órgão.

Um dos incidentes ocorreu na reunião de seu partido que definiu o candidato presidencial do Partido Liberal para as eleições de novembro. Micheletti não só perdeu, como foi vaiado pelos assistentes. Como prêmio de consolação, deram a ele a presidência do Congresso e quando ia subir no palanque do encontro, uma jovem do grupo de protocolo, chamada Suyapa, pediu que ele esperasse um momento porque não tinham terminado de colocar as cadeiras. Irritado pelas vaias que havia levado, Micheletti desferiu um tapa na cara de Suyapa, causando-lhe um corte na boca.

Um mês de protesto popular

Desde o momento em que os hondurenhos se inteiraram do golpe de Estado, é preciso recordar que os meios de comunicação foram censurados, e os protestos têm sido permanentes. Os manifestantes estão na rua todos os dias e não estão dispostos a ceder. A imprensa dos EUA reconheceu isso e realizou pesquisas rápidas junto aos manifestantes. Eles responderam que Zelaya foi o primeiro presidente que havia se preocupado com eles e que com quem podiam falar sem termos sobre seus problemas e aspirações. O resultado dessas pesquisas foi publicado pelo Washington Post.

Em Honduras, que tem um pouco mais de 7 milhões de habitantes, a maioria é pobre, mas há cerca de 1,5 milhão que são absolutamente pobres. O governo de Zelaya começou a se ocupar dessa parcela da população através do programa Rede Solidária, coordenado pela esposa do mandatário. Para determinar o grau de pobreza, tiveram que fazer uma medição baseada em averiguar se comiam. E se a resposta fosse afirmativa, perguntar o quê e quantas vezes ao dia.

Também foi preciso estabelecer onde e como viviam, se era em casas, se essas casas tinham portas e janelas, se tinham algum serviço, porque não tinham trabalho nem endereço fixo. Cerca de 200 mil famílias já tinha sido incorporadas ao programa e, desde o início do golpe, não recebem ajuda alguma. Inclusive é possível que não alguns nem saibam o que ocorreu; outros saberão por causa da repressão.

No entanto, apesar do Estado de Sítio e do toque de recolher, aumenta a cada dia o número dos que chegam a El Ocotal, na Nicarágua, para somar-se ao acampamento daqueles que apóiam o presidente Zelaya, que se encontra ali, depois de ter ingressado em território hondurenho (e retornado). O presidente solicitou às Nações Unidas o status de refugiado e a ajuda correspondente a todos os que estão ali para acompanhá-lo, porque se regressarem a Honduras estão ameaçados com uma condenação a seis anos de prisão por “traição à pátria”, a qual, pelo visto, só pertence aos golpistas.

Ao longo desta semana, estão convocadas greves e muitas outras manifestações de protesto. A pergunta que fica é até que aponto podem seguir sendo ignoradas e reprimidas em defesa de interesses alheios e de um governo ilegítimo. Ainda mais quando essa manipulação aponta também para toda a América Latina e para as instituições criadas recentemente: Unasul, Mercosul, Alba, Petrocaribe, Banco do Sul, Grupo do Rio e alguma outra que me escapa agora, na medida em que priorizam os interesses da região.

Frida Modak é jornalista, foi secretária de imprensa do presidente Salvador Allende, no Chile.

Tradução: Katarina Peixoto

Fonte: http://www.cartamaior.com.br/templates/materiaMostrar.cfm?materia_id=16108&boletim_id=578&componente_id=9802

Comércio na Internet ajuda espionagem a virar rotina

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SÃO PAULO. A espionagem virou mesmo rotina no Brasil. Basta passear pela Internet para conhecer a parafernália disponível para grampear e monitorar qualquer alvo, a preços módicos ou muito salgados. Mas o que mais tem crescido é o comércio da contra-espionagem, que atende à crescente demanda de empresários e políticos.

O problema, segundo especialistas, é que nem sempre a contra-espionagem é tão eficaz quanto o grampo. “Não existe um sistema anti-grampos. A maior parte dos aparelhos que está sendo vendida não passa de 171 (estelionato). É possível apenas detectar se há grampo e, mesmo assim, não se chega à autoria”, disse o detetive Fabrício Dias, que atua há dez anos em São Paulo, inclusive vendendo equipamentos de espionagem e contra-espionagem, como grampos, escutas ambientais e câmaras secretas, escondidas até em carteiras, pastas ou quadros.

Anti-grampos. Segundo Dias, a procura por aparelhos anti-grampos é a que mais cresceu. “Eu sempre aviso que isso não existe. O mais eficaz é contratar nossos serviços de varreduras. Agora, vendemos os grampos e outros equipamentos, desde que o cliente assine um termo de que vai monitorar somente a sua propriedade e, não, terceiros, o que é ilegal”, diz.

A detetive Ângela Bekeredji, na profissão há 45 anos, também vende equipamentos, segundo ela montados nos próprios laboratórios de sua empresa, em São Paulo. Há desde grampos para veículos até sistemas ocultos de GPS (localizador de posição).

“Os interessados são empresários e políticos. Antes, era mais para brigas conjugais. Mas sempre avisamos que só a parafernália nem sempre resolve. O melhor é contratar gente especializada”, diz ela.

Comércio. Além dos próprios detetives, os equipamentos do tipo 007 são vendidos abertamente em lojas especializadas e na Internet. Há endereços curiosos, como o http://www.contra-espionagem.com, que vende até ursinho de pelúcia com câmera no lugar dos olhos.

Celular e e-mail. Há ainda as empresas especializadas em telefones celulares anti-grampo e em programas que prometem evitar a quebra de sigilo de e-mails. Na realidade, são sistemas de criptografia (a voz é transformada em código) que, para funcionar, dependem de dois aparelhos iguais.

Segundo o criminalista Paulo Mores, a venda de equipamentos de espionagem, inclusive de grampos, não é ilegal nem controlada. “Em tese, pode-se vender os equipamentos ou comprá-los, desde que para uso pessoal, porque apenas grampear terceiros é ilegal. Seria necessária uma regulamentação geral. Não é só a maleta usada pela Agência Brasileira de Investigações (Abin), a gama de equipamentos é muito grande e disponível facilmente”, afirma o criminalista.

Fonte: Desconhecida.