Boas Ideas – Merecem destaque

Olá,

Alguns meses atrás conheci o site CityBest.com.br um serviço que tem o objetivo de aumentar o poder de compra dos consumidores e uma maneira inteligente de conectar seu negócio na Web, aumentando a venda e exposição de sua empresa, para um grupo de consumidores em busca de bons produtos a preços acessíveis.

Essa pode ser uma estratégia interessante para empresas que buscam criar promoções com baixo custo, sabendo que ali tem um público concentrado, e  baixos custos para essa divulgação. Detalhe, o serviço é gratuito para seus usuários consumidores e potencializam as empresas em sua venda e divulgação.

Boas ideias, merecem destaque. Recomendo e estou lá!

Abraços a todos,

Ricardo Santos

Cinco lições das empresas vencedoras

Rosabeth M. Kanter abriu o primeiro dia do Fórum HSM de Gestão e Liderança, realizado no dia 6 e 7 de abril de 2010, apresentando as cinco lições que aprendeu sobre as empresas vencedoras, definidas por ela como aquelas que tem cultura de aprendizado e adaptação às mudanças. Socióloga especializada em gestão, a professora de Harvard comparou organizações líderes com as de desempenho ruim.

1ª lição: vencer é muito melhor do que perder

O sucesso põe em movimento comportamentos melhores, pois o bom astral é contagioso. Como o sucesso, o fracasso também permanece, porque produz comportamentos disfuncionais. “Os melhores líderes em tempos difíceis têm personalidade luminosa”, diz Kanter. Eles espalham boa energia entre as demais pessoas simplesmente ao circular pela empresa e sorrir. Com isso, as pessoas ficam menos doentes, faltam menos ao trabalho e desejam contribuir com a organização. Além disso, as pessoas têm vontade de conversar sobre experiências positivas, e isso multiplica o aprendizado.

“Dei consultoria para uma empresa de software de fraco desempenho cujo clima era muito ruim. Tive de dizer ao CEO que o comportamento dele era responsável por parte do problema”, recorda Kanter. Ela conta que ele costumava perguntar ao seu pessoal “Por que eu tenho de ter todas as boas ideias?”. Na visão dele, só ele sabia. Resultado: “A energia boa não estava lá e ele acabou fechando a empresa”.

Empresas vencedoras colhem vantagens pela reputação: boa repercussão na mídia, convites para os melhores eventos onde fazem os melhores contatos e crédito no mercado. Os perdedores, por sua vez, não têm sequer o benefício da dúvida. Acabam tendo menos autonomia para determinar seu próprio destino, pois sofrem mais auditorias, gastam mais tempo em relatórios, recebem mais interferência, o que interrompe o fluxo dos processos.

2ª lição: vencer requer muito trabalho

Uma das grandes diferenças entre organizações de muito sucesso e as medíocres é a quantidade de esforço. O sucesso pode levar à acomodação. Esse efeito pode estar no cerne do declínio recente da Toyota, que, apesar de sua reputação de qualidade, vem mostrando complacência e talvez um pouco de arrogância. “As empresas que permanecem vencedoras são paranoicas por vencer. Não baixam a guarda”, ressalta a palestrante.

3ª lição: não é o talento individual, mas o da equipe que conta

Vencedores apoiam o talento, mas enfatizam a colaboração. O ambiente deve tirar de todos o que têm de melhor, sem depender de um superstar. “Se você confiar só nas estrelas, criará distância entre as pessoas e alguns acabarão se acomodado. Uma cultura de respeito existe quando todos acham que seus colegas são bons.”

A Continental Airlines precisava de uma virada. Entre 1982 e 1994, a empresa teve duas falências e dez CEOs. Havia total falta de colaboração em equipe. Gordon Bethune, como CEO, passou a promover a líderes as pessoas que eram boas treinadoras, boas em trabalho em equipe, o que levou a empresa à virada. As estrelas têm de ter como parte de sua tarefa treinar e ajudar os outros.

4ª lição: vencedores pensam grande e pequeno

As pequenas vitórias são importantes para dominar a mudança. Elas fazem as pessoas se sentirem bem-sucedidas. As pessoas têm de saber que pequenas iniciativas de inovação podem ser tomadas. “Se você só tiver um grande objetivo, por exemplo, de cinco anos, todo mundo só vai fazer o trabalho no último mês do quarto ano, como na faculdade. Mas você deseja ter um processo estável que advém de pequenas vitórias”, explica Kanter.

A BBC havia perdido contato com seu público. Fizeram inúmeras sessões de brainstorming para melhorar tudo, mas acabaram esbarrando em crenças como “não vai mudar nada”. Perceberam que os funcionários teriam de assimilar a cultura do “faça acontecer”, passar de passivas a ativas. Ao estimular verdadeiramente essa atitude, a empresa voltou a crescer.

5ª lição: Aprende-se mais sobre a vitória quando se perde

Algo sempre sairá errado, mas os vencedores contam com os ingredientes das quatro lições anteriores que os ajuda a superar momentos difíceis.

Fonte: HSM Online – 06/04/2010

Inteligência competitiva: Oceano Azul x 5 Forças

Você é um discípulo das “cinco forças” ou um partidário do “oceano azul”?

Ou seja, tenta dominar mercados existentes ou busca a oportunidade de criar novos mercados? Cada uma dessas duas abordagens à estratégia tem seus defensores, mas, até onde é conhecido, ninguém até hoje havia feito um estudo empírico comparando os dois campos.

Foi o que Andrew Burke, André van Stel e Roy Thurik fizeram.

Para estruturar a investigação, os autores usaram um modelo apresentado em 1921 num tratado seminal de economia de Harold Hotelling.

A tese é que, enquanto houver lucro a ser obtido num determinado mercado, mais e mais empresas entrarão nele – até que se atinja um ponto de saturação no qual todo mundo mais ou menos empata.

Segundo os autores, se setores inteiros forem analisados dessa forma, é possível saber se, ao longo do tempo, uma estratégia de inovação ou uma estratégia de competição é o melhor.

Naturalmente, a abordagem do oceano azul a este modelo exigiria a criação de um novo mercado. Se isso atraísse consumidores a longo prazo, o lucro e o número de empresas no setor subiriam sem parar – e o leitor concluiria que a empresa triunfa ao apostar em novos mercados.

Já se a rentabilidade caísse à medida que o número de empresas subisse, seria sinal de que o escopo de novas oportunidades era limitado ou que barreiras à imitação da pioneira eram muito baixas. Seja como for, nesse cenário empresas focadas na competição superariam as que investem num oceano azul.

Os autores testaram o modelo no varejo holandês. Foram analisados, o lucro e o número de concorrentes para 41 tipos de estabelecimento comercial num período de 19 anos (1982 – 2000).

Em 2000, essas categorias representaram cerca de 83% de todas as lojas de varejo na Holanda e cerca de 90% da receita e dos empregos do setor. Os autores ficaram surpresos ao encontrar indícios de que a estratégia do oceano azul é sustentável.

Em mais de metade das categorias de loja, o lucro da empresa média e o número de empresas tinham correlação positiva.

E, acima de tudo, após ajustes para fatores externos como efeitos do ciclo econômico, os autores desceobriram em todos os tipos que a rentabilidade da empresa média e o número de empresaas subiram e caíram juntos ao longo do período.

Burke, Stel e Thurik, comentam que seria tolice descartar por completo a estratégia da competição. O estudo mostra que a concorrência a certa altura derruba o lucro trazido pela inovação.

Mas é um processo lento, que leva 15 anos ou mais, o que sugere que a abordagem do oceano azul leva boa parte de uma geração para ser desbancada pela estratégia da competição.

Fonte: Andrew Burke, professor da Cranfield School of Management no Reino Unido. André van Stel, pesquisador senior da EIM Business and Policy Research, na Holanda e Roy Thurik, professor da Erasmus University, na Holanda. Publicado na Harvard Business Review. Maio 2010.

Extraído do Portal Administradores por Alfredo Passos : http://www.administradores.com.br/informe-se/artigos/inteligencia-competitiva-oceano-azul-x-5-forcas/44975/

Líder, Liderança e Resiliência

A palavra da moda no management internacional é resiliência. E você? Como está nesse quesito?

Todos dão palpites em suas decisões? Você “está líder”, mas se questiona se há algo errado no desempenho do seu papel? Já está pensando em gritar por socorro? Está estressado e a beira de um colapso nervoso? Seus pensamentos recorrentes são: “pare o mundo que eu quero descer” como disse Raul Seixas, ou “desisto, abro mão da posição de líder, rebaixem meu salário, mas quero minha vidinha tranquila de volta”? Calma, provavelmente você nem esteja falhando muito como líder, mas sim no desenvolvimento da liderança. Muito provavelmente você não seja vesgo ao se enxergar corretamente com características de líder.

A sua pergunta então é: “Por que não me destaco e nem venço como líder?”. Pois é, muitos têm quase todas as características exigidas para serem classificados como líder, mas não sabem ou não conseguem desempenhar bem o papel de liderança. Se você faz parte ou não desse grupo, recomendo firmemente que se interesse um pouco mais no entendimento da resiliência como competência para melhorar sua performance na liderança.

As mil e uma utilidades de um líder

A função de liderança talvez seja a principal busca da sociedade contemporânea. E por razões óbvias: o destino de uma família, uma empresa, uma comunidade qualquer, de um país, está diretamente associado à capacidade de sua liderança. Hoje, na mídia, são comuns os alardes da importância do líder e, principalmente, quais devem ser suas características. O líder precisa ter resiliência, autodisciplina, energia, foco, visão, responsabilidade, carisma, tolerância ao estresse (por meio da resiliência), poder de síntese, capacidade de assumir riscos, conhecimento, capacidade de aprender sempre, e saber delegar, ouvir, comunicar e ser sensível, empreendedor, eficiente, determinado, automotivado, tolerante, criativo, dinâmico, objetivo etc. A lista é imensa.

A situação se agrava quando buscamos exemplos e modelos a serem seguidos. Há grandes líderes, históricos, hoje reconhecidos como ícones da resiliência. E como essa característica é inata, concluímos que eles a tinham em alta dose. “Naqueles tempos” sabia-se muito, mas não se sabia tudo. Eles eram resilientes e não sabiam.

 Hoje temos condições de analisar o comportamento desses grandes líderes e classificar a sua atuação.

– Quando falamos em determinação, tenacidade e resiliência: Gandhi.

– Inovação, capacidade empreendedora e resiliência: Thomas Edison.

-Coragem, obstinação e resiliência: Lawrence da Arábia.

-Estratégia, obstinação e pouca resiliência: Napoleão Bonaparte.

– Capacidade para assumir riscos, comprometimento, foco e resiliência em altíssimo     grau: Jesus Cristo, e muitos outros.

Mas onde estão os líderes atuais? 

Um líder histórico é mais fácil de ser identificado, pois sua trajetória já foi esmiuçada por muitos estudiosos. Temos de ter filtros para a avaliação dos líderes atuais devido à manipulação dos meios de comunicação – é difícil avaliar o que é real e o que é marketing.

Esse é um dos aspectos que explicam a aproximação do perfil do líder com o de um herói, um personagem histórico, do que com alguém de carne e osso. O fato é que os meios de comunicação mitificam muito o líder, colocam-no como alguém que conduz revoluções, vira a mesa, muda totalmente o rumo da história. E, mais do que isso (e talvez por conta disso), essa é a expectativa geral. A comunidade, a empresa, a família – e até você! – querem o herói, o líder que nunca decepciona que sempre sabe o caminho, que sempre tem uma saída infalível, que faz sempre a escolha certa.

Mas, falando de líderes de hoje, seres “reais”, muito parecidos conosco, lembro de alguns que foram ou são exemplos de:

– Comunicação, luta por igualdade e resiliência: Martin Luther King.

– Perseverança, humildade, comprometimento e resiliência: Nelson Mandela.

– Sonhar, criatividade, empreender e resiliência: Ozires Silva. Sonhava desde pequeno com aviões e criou a Embraer.

– Obstinação, capacidade de enfrentar grandes desafios e resiliência: Maria Silvia Bastos, que foi a líder da Companhia Siderúrgica Nacional, transformando-a em empresa lucrativa e na maior produtora de aço da América Latina.

Há muitos outros, mas finalizo destacando o ícone vivo da resiliência, o Dalai Lama, que não precisa de maiores explicações, não é?

Liderança sempre

Vamos levar em conta nossa realidade atual e apocalíptica: tudo acontece muito rápido, o cotidiano está confuso e cheio de dificuldades, mudanças, caos, incertezas. Esse panorama não é novo, são elementos que sempre existiram, inerentes à história da humanidade. A liderança não é um desafio deste século. Os governos do passado dedicaram muito de seu tempo ao estudo da liderança.

Líderes de qualquer época tiveram de enfrentar mudanças e buscar saídas para problemas ocasionados por imprevistos, acidentes da natureza como terremotos, guerras, fome, pestes e revoltas sociais. Talvez o que caiba seja uma atualização sobre os intervalos entre tempestade e bonança. Hoje, o espaço entre esses dois fenômenos é cada vez menor. A máxima, inclusive, poderia ser alterada para: “depois da tempestade, vem a bonança e depois, a tempestade novamente”.

O que atesta que os desafios do líder não são novos são os best sellers sobre o assunto, pois não são apenas os modelos de referências que são históricos – veja alguns manuais atemporais, como a Arte da guerra, de Sun Tzu, de cerca de 2.500 anos e O príncipe, de Maquiavel, escrito no século XV. Os dilemas de O príncipe, de Maquiavel, são atualíssimos e a obra chinesa, uma das mais antigas, mostra que os desafios e as buscas são as mesmas dos dias atuais, e ainda persistem as dificuldades. Hoje se fala em ter visão de futuro e da dificuldade em profetizar acontecimentos e armar esquemas de defesa. E a máxima milenar chinesa “é muito difícil profetizar,  especialmente em relação ao futuro” continua muito atual.

Liderança é um processo!

Para os que aqui buscam fórmulas, a desilusão: não existe nenhuma! Por mais desconfortante que seja essa afirmação deve ser encarada. Não há química, nem biologia, nem DNA que dê a fórmula de um líder carismático, por exemplo, e de como se processa a sua liderança. As pessoas confiam em um líder carismático independentemente das razões. Esse líder tem uma grande capacidade de comunicação e é impulsionado por uma crença interior muito forte. Sua causa não é questionada e ele faz economia de explicações. Não importa o que aconteça, seus seguidores estarão lá. A lei é: “Se é ele quem diz, eu vou atrás”.

Parênteses para os curiosos: esse tipo de líder pode ser muito perigoso, pois há os líderes carismáticos positivos – aqueles que exercem o poder em prol do bem coletivo – e os negativos – os motivados por interesses pessoais. Às vezes as pessoas estão seguindo um líder que está interessado em engrandecimento pessoal, sem controle moral, sem ética. Um exemplo do carismático negativo? Hitler. Quer mais dois? Jim Jones, que em 1978, em JonesTown, levou 900 seguidores ao suicídio coletivo, onde os pais deram veneno para os próprios filhos – 303 crianças morreram – desculpe-me por dar um detalhe mórbido, mas importante para caracterizar a força de um líder carismático negativo. Um exemplo final, em 1993, o líder religioso americano David Koresh, que se intitulava a reencarnação do Senhor Jesus, seduziu os seguidores com a filosofia de que deveriam morrer para depois ressuscitarem das cinzas. Ateou fogo no rancho de madeira onde ficava a seita Branch Davidian e matou 80 pessoas, incluindo 18 crianças.

Tiros pela culatra à parte, esse tipo de liderança, de uma forma mais pura e honesta, é fundamental em qualquer tempo, em qualquer contexto. É o impulsionador de todos os saltos e revoluções que acontecem na humanidade. E é um estilo de liderança que não cabe apenas em grandes cenários, cabe em qualquer lugar. Essa função é necessária no processo de liderança de qualquer sistema, país, grupo, empresa ou família. Se existe crise, o medo e a insegurança se propagam, é preciso a interferência do líder carismático para restabelecer o equilíbrio.

Em períodos de estabilidade, uma empresa pode limitar a condução de seu destino às funções de gestão. Se sua estrutura for adaptada ao ambiente em que opera, o órgão de direção da empresa pode funcionar bem com a administração eficiente, sem precisar reinventar nada. Mas em períodos de turbulência ou em mercados que lidam com elevada complexidade conjuntural, sem líderes com carisma e resilientes, o futuro fica comprometido. A gestão dá as soluções certas aos problemas, responde convenientemente às solicitações, mas a liderança resiliente reformula os problemas e não se limita a responder às solicitações: cria um destino. Mas vai aqui uma palavra de consolo, se o DNA não explica a liderança, sabemos, entretanto, que ela pode ser estudada, treinada e aperfeiçoada. 
Até a sociologia explica os ciclos

Os períodos de mudança e estabilidade são cíclicos. A mudança é sempre seguida de estabilidade. Depois, é necessária outra mudança e depois mais outro período de estabilidade. Tudo permeado de resiliência para evitar rupturas.

A resiliência tem de ser uma característica forte no líder uma vez que ele exerce uma função com limites de alto risco: ele olha para frente e para trás, para dentro e para fora, e vê onde e quando é necessária sua atuação. Fora, fazendo as revoluções, ou dentro, fazendo a engrenagem funcionar. Por tudo isso a liderança é mais importante que o líder. Em uma equipe, por exemplo, nos momentos de dúvida e incerteza, o dar sentido a uma realidade não precisa vir só de uma pessoa, a contribuição na liderança oscila, dependendo do problema. Às vezes, de onde menos se espera, vem a sugestão do melhor caminho a seguir.

É mais ou menos o que acontece em nosso cérebro. Quando uma decisão é processada, não dá para definir se a liderança foi do córtex, do sistema límbico ou do reptiliano. Na psicanálise, temos o id, ego e o superego. O modelo do processo de liderança que ocorre em sua cabeça, quando você toma decisões, lidera sua vida, é o mesmo. Não há um líder, há liderança.

“Líder que não sabe se comunicar vai se estrumbicar”
(Adaptação da famosa frase do Chacrinha)

A ideia de que a liderança é um processo, desencadeia outras perguntas: que processo é esse? Como ele acontece? Aqui vai a síntese da complexa resposta: a corda onde a liderança está equilibrada se chama co-mu-ni-ca-ção. É através dela que você constrói a verdadeira liderança. Com ela e através dela você interpreta a realidade, define prioridades, estabelece regras e, resilientemente, se esforça para influenciar os outros.

Não é por acaso que o poder de influenciar pessoas e a habilidade para se comunicar são lugares-comuns quando se fala em liderança. Antes que você comece a imaginar os discursos inflamados (e motivadores) de Hitler, ou o “Eu tenho um sonho”, de Martin Luther King, a relevância da comunicação na liderança pode ser observada em qualquer equipe, seja em uma equipe que discute o destino de milhões de reais, seja em uma equipe de uma micro-empresa, que discute o que comprar de comes e bebes com o dinheiro da “vaquinha” para a festa do final do mês. Em todos os casos há muita negociação, e o líder ainda que discretamente, exerce a sua influência. Eu costumo dizer que: “O bom líder se comunica até com o silêncio”.

Porém, atenção! Se você já se animou, achando que era mais simples do que você imaginava (afinal, quem não sabe se comunicar?), um alerta: a liderança não está exatamente na comunicação. A liderança genuína e eficiente só é construída através da qualidade da comunicação, mas isso é assunto para um livro inteiro, escrito por mestres em comunicação e liderança. Minha praia vem a seguir.

Metáforas para o líder resiliente

O milho de pipoca é pequeno. Se não passar por calor intenso continuará pequeno, sem expressão, igual a todos os demais. Porém, quando passam pelo calor, muitos viram pipoca. Algumas são bem maiores e mais bonitas que outras. Outros que passaram pelo mesmo calor transformador, queimam-se e são rejeitados. Não prestam para nada.

Os japoneses são os mestres da arte do bonsai. Plantas frutíferas são mantidas em vaso, e ficam do tamanho que o vaso permite. Elas se adaptam. Têm vida, mas dão frutos muito pequenos. Na maioria das vezes, quando tiradas do vaso e replantadas em um campo mais amplo, elas sofrem no início. A adaptação é difícil. Chega a dar a impressão de que vão morrer. Mas, vencido o desafio, adaptadas e habituadas com as novas condições, elas crescem. Crescem muitas vezes o dobro do tamanho que, por anos a fio tiveram, enquanto estavam no vaso.

Pense nas flores. Plantas da mesma família, quando em um vaso, dão uma pequena quantidade de flores. Em terreno amplo e adequado, ocupam seu espaço e retribuem com muito mais flores. Com os homens isso também acontece. A mudança de vida, um novo e aparentemente insuperável desafio, faz com que cresça. Basta mudar de ambiente e ser mais exigido, que o homem cresce e nem sempre esse desenvolvimento é totalmente indolor.

Toda mudança tira a pessoa da chamada “zona de conforto” e naturalmente isso provoca algum “desconforto”, pelo menos no início. Mas a oportunidade para viver essa nova vida, para demonstrar seu potencial e conquistar um novo espaço, faz com que se desenvolvam suas competências. O homem ao assumir responsabilidades de liderança vai passar por fases de “sofrimento”, pois a vida é feita de opções, escolhas e trocas e cada uma terá seu preço. Uma opção muitas vezes inviabiliza alternativas. Mas vamos nos adaptando. Temos essa característica. Nascemos resilientes. Alguns sortudos são mais resilientes que outros. A resiliência não nos torna impermeáveis as tempestades, nem inatingíveis em crises, nem invulneráveis.

Qualifiquei anteriormente Napoleão Bonaparte como pouco resiliente, pois foi num período de falha dessa característica que perdeu a guerra e seu império. Eu entendo que há apenas dois grandes padrões de liderança (e mais um monte de variações). A liderança autocrática, sem resiliência, onde eu mando em você e não te dou direito de contestar e a democrática onde eu mando em você e vira e mexe você chia, contesta, expõe razões e como sou resiliente mudo de posição e permito até que você mande em mim.

Brincadeiras sérias à parte, o líder resiliente sabe que poderá ter sua liderança contestada, por cima e por baixo, por chefes e subordinados, mas ele tem flexibilidade e aguenta a pressão. Ele faz também com que a empresa seja resiliente. Ante a crise de mercado, a empresa sofre, mas se ajusta, entra em prejuízo, mas não vai à falência. Vencida a crise, muitas vezes “renasce” mais forte, uma vez que aprendeu muito e estará mais bem preparada para a eventualidade de novas tormentas.

O líder resiliente não é um super-homem, mas seu grande diferencial é que usa todas as experiências, principalmente as mais difíceis e dolorosas, para crescer e evoluir. Ele aprende com os erros e muda o curso das coisas. Tem flexibilidade para mudar quantas vezes for necessário. Nadando em óleo quente o líder resiliente vira pipoca, enquanto outros se queimam e são descartados como os piruás.

O mundo acaba de passar por uma crise terrível, que teve seu início em um segmento do mercado americano e contaminou todo o mercado financeiro, que por sua vez implodiu a economia mundial. Tivemos exemplos únicos de líderes, empresas e países resilientes, que souberam gerir a crise. Muitos sofreram, vergaram com a força dos ventos, mas não quebraram. Outros, bem, dos outros nem se ouve mais falar, e você, se ainda não é um perfeito resiliente, deve estar cansado de ouvir as mesmas histórias e por isso não vou repeti-las aqui.

O líder resiliente aprende a suportar pressões, sem permitir que deixem marcas profundas. Sabe que o mundo é altamente competitivo, mas é assim para todos e passa a gostar da competição. Descobre que também gosta das calmarias da zona de conforto, mas não tem medo de sair dela. Sabe que nasceu resiliente e por descobrir os benefícios, faz do seu aprimoramento um exercício constante.

E você, já pensou em ter a flexibilidade da mola? Suportar os constantes e grandes impactos que a vida aplica, e ao terminar a pressão, sempre voltar ao normal?
Bom não é?

Mauricio Sita (É um dos precursores no Brasil do tema Resiliência. Publicou vários artigos abordando os diversos aspectos da resiliência, seja pessoal, profissional e até mesmo sobre empresas resilientes. Foi executivo de diversas empresas, entre elas a Minasgás S.A. e a General Electric do Brasil S.A. Tem formação em Psicanálise, Filosofia e Ciências Jurídicas e Sociais).

O artigo foi publicado originalmente no livro Ser + Líder – Os caminhos da liderança na visão de grandes especialistas.

HSM Online
03/05/2010

Falhas na Gestão de Projetos traz prejuízos para as empresas

Walter Krause, diretor do Project Management Institute Brasil, fala sobre as falhas em projetos que têm acontecido nas grandes empresas e suas consequências

A maioria das empresas fracassa em seus projetos por falta de comunicação. Essa é a constatação da 6ª edição do Estudo de Benchmarking em Gestão de Projetos realizado pelo Project Management Institute Brasil (PMI) – organização internacional responsável pelo desenvolvimento das práticas em gerenciamento de projetos no mundo. A pesquisa engloba 300 empresas brasileiras de grande porte como Petrobras, Nestlé, Vale, Volkswagen, Votorantim, Lojas Renner, Embraer, Gerdau, IBM, TIM, Promon e BNDES.

Segundo o levantamento, para 76% das empresas pesquisadas, o problema com a comunicação é o principal motivo pelo fracasso dos projetos, 71% consideram que o não cumprimento de prazos também colabora para estas falhas e 70% culpam as constantes mudanças de escopo. A pesquisa mostra ainda que fracassar em um projeto é perder muito dinheiro, pois para 46% das empresas, o investimento variou de R$ 1 milhão até R$ 10 milhões. Porém, mesmo com os altos valores, 58% das corporações não possuem um departamento de gerenciamento de projetos.

O estudo mostra ainda que a cultura organizacional vem ganhando força nos últimos anos. Em 2006, 20% das organizações relataram algum nível de resistência interna importante em relação à gestão de projetos. Em 2007 este número caiu para 17%, o que significa a valorização da gestão de projetos realizada de forma profissional. Em dados gerais, constatou-se que 32% das organizações afirmaram planejar sempre como farão seus projetos, enquanto 18% dizem que raramente adotam esta prática. 58% das empresas não possuem um departamento dedicado exclusivamente a gestão de seus projetos.

Das 300 instituições pesquisadas, 56% pretendem implementar escritórios de gerenciamento de projetos. Em relação aos setores, os que mais adotam o Gerenciamento de projetos são: Tecnologia da Informação (63%); Engenharia (35%); Produção e Operações (26%) e Recursos Humanos (15%). Em entrevista ao Portal HSM, Walter Krause, diretor do PMI-Rio, fala sobre os resultados da pesquisa e a tendência da consolidação de uma área de Gestão de Projetos dentro das organizações.

HSM Online – Segundo a pesquisa da PMI, de 300 empresas, a grande maioria não se comunica bem nos projetos e não cumpre 100% dos prazos. Quais seriam neste caso, os maiores gargalos na questão da comunicação?
Walter Krause – O problema de comunicação é antigo, mas está se tornando mais evidente. Não sabemos escrever bem, não falamos bem o que queremos e não nos relacionamos bem com todos os perfis existentes num ambiente de projeto. Paradoxalmente, estamos na era da tecnologia onde todas as informações podem chegar a todos imediatamente, esteja onde estiverem. Segundo o PMBOK – Guia de Gerenciamento de Projetos do PMI, a comunicação deve ser planejada e executada com a mesma disciplina que a gestão dos prazos. Faz parte também a correta avaliação e gestão das partes interessadas, onde questões comportamentais e de comunicação são tratadas de acordo com cada envolvido no projeto, suas necessidades e expectativas.
 
HSM Online – E em relação aos prazos? A que podemos atribuir este problema?
WK –
A pesquisa não abordou as causas dos problemas. Entretanto, o estudo mostra que ainda é baixo o nível de planejamento e controle dos projetos, assim como o emprego de metodologias. Sem um bom planejamento e controle é muito difícil ser correto, evitar mudanças, garantir o escopo e, consequentemente, cumprir prazos acordados. O sucesso  das equipes é obtido pelo talento (o método) e pelo suor (comprometimento).

HSM Online – A gestão de projetos deve estar focado em quais características para que as empresas não percam o foco e consequentemente o lucro?
WK –
O PMI desenvolveu o Padrão de Gestão de Portfolio com o objetivo de orientar as organizações a terem projetos alinhados com sua estratégia e apoiados pela alta administração. Os projetos desenvolvidos pelas melhores práticas e integrados à estratégia possibilitam as organizações a obterem os resultados esperados, com lucro e satisfação de seus clientes.

HSM Online – Das empresas de grande porte que participaram da pesquisa, é possível ranquear as melhores no quesito comunicação e gestão de projetos? Além disso, existe um modelo ideal de gestão para se liderar com sucesso os projetos?
WK – As organizações devem buscar seu próprio modelo de sucesso, pois cada uma tem sua cultura e estrutura próprias. Sobre o ranking, a pesquisa tem como princípio fundamental o sigilo dos seus participantes. Desta maneira, nenhuma empresa pode ser destacada em nenhum item. Somente o item Top of Mind é destacado.

HSM Online – A pesquisa mostra que muitas empresas ainda não se deram conta que precisam de profissionais especializados em ‘fazer acontecer’. Apenas 21% do universo de 300 empresas pesquisadas possui efetivamente um profissional dedicado para esta finalidade e um Project Management Office (PMO). Quais são as características deste profissional e qual a tendência das empresas absorverem este modelo de gestão?
WK –
O PMO é um centro de conhecimento que tem como objetivo suportar o desenvolvimento do gerenciamento de projetos nas organizações. Os profissionais que compõem o Escritório de Projeto têm de ter os conhecimentos das melhores práticas em gerenciamento de projetos, visão holística, capacidade  analítica e de síntese. O PMO deve ser um grande apoio ao gerente de projetos, o profissional que “faz acontecer” nos projetos.

HSM Online – Como podemos classificar e analisar as empresas nacionais em relação as estrangeiras na gestão de projetos?
WK – A pesquisa atual ainda não é capaz de mostrar a diferença das empresas nacionais e estrangeiras. Se observarmos a lista das empresas Top of Mind, veremos mais empresas brasileiras do que multinacionais, o que nos permite interpretar que estamos no caminho certo.

HSM Online
05/05/2010

Reduzir riscos é aumentar as chances de vitória

Para quem deseja empreender, a identificação dos riscos é o primeiro passo para evitar o insucesso

A mortalidade de empresas no Brasil é altíssima. Das cerca de 500 empresas abertas no País anualmente, 27% fecham as portas no primeiro ano de existência. A alta taxa de insucesso pode ser creditada a inúmeros fatores: inexperiência do gestor, dificuldade de acesso ao crédito, diagnóstico errôneo das oportunidades e dos potenciais desafios, falta de capital para acompanhar as tendências do mercado e as novas tecnologias e despreparo para lidar com uma eventual ‘surpresa”, como uma crise econômica ou mesmo a falência de um grande cliente.

Se abrir um novo negócio é uma iniciativa que envolve tantos riscos e tem tamanho potencial para acarretar frustrações, por que vemos tantas pessoas empenhadas em se lançar no ‘caminho do negócio próprio”? Bem, em primeiro lugar, há indivíduos extremamente criativos e dotados de um talento empreendedor natural. Para esses empresários natos, o sucesso e a satisfação profissional guardam intrínseca relação com a possibilidade de realizar um sonho, de preferência na forma de um empreendimento profissional autônomo.

Outro ponto importante a ser lembrado é que muitos pequenos negócios brasileiros nascem financiados pelo dinheiro do fundo de garantia de gente que acabou de perder o emprego. A ideia de não ter um patrão ou qualquer outra pessoa de nível superior ao seu ditando regras tende a ser perigosamente sedutora para alguém que acaba de passar pelo estresse de uma demissão.

O problema é que nem todo mundo tem aquela verve para empreender – e, definitivamente, impulsividade raras vezes anda de mãos dadas com o êxito nos negócios. Por isso, quem pretende se lançar em um empreendimento deve fazer uma cuidadosa preparação. Identificar os riscos é o primeiro passo.

Tudo deve começar com um minucioso mapeamento da atividade que será desenvolvida. Os riscos inerentes a cada etapa devem ser considerados da seguinte forma: riscos do próprio negócio, o que inclui potencial de ocorrência de acidentes de trabalho e de perda de mercadorias; riscos acarretados pelo desempenho de terceiros (como fornecedores e prestadores de serviços); risco de inadimplência; e a atuação da concorrência.

Feito o mapeamento de riscos, o empreendedor deve proceder à prevenção. Esta deve incluir o treinamento do pessoal que irá atuar nas mais diversas frentes, a contratação de seguros e a elaboração de estratégias de marketing e negócios que neutralizem eventuais “ataques” da concorrência.

Também faz parte dos cuidados de primeira hora a contratação de serviços de excelência nas áreas jurídica e contábil. Em um país como o nosso, onde a complexidade dos sistemas legal e tributário constitui imenso desafio até para os empresários mais experimentados, não é raro ver um novo negócio ser engolido por causa de erros que redundam em multas e punições severas.

Resguardar-se desse tipo de perigo é tão importante quanto conhecer bem o tipo de produto ou serviço que se pretende oferecer. A terceirização dessas tarefas para empresas conceituadas é uma providência inteligente, e que a médio prazo se comprovará mais ‘barata” do que quaisquer soluções improvisadas – sobretudo porque todo empreendedor ambiciona crescer, e qualquer expansão se torna mais fácil e menos suscetível a ‘desastres” quando a casa está em ordem.

Outra área que pode requerer soluções terceirizadas é a de tecnologia da informação. Fazer negócios com a agilidade exigida pelo mundo atual, onde a globalização é uma indiscutível realidade, requer atualização constante – e não é todo tipo de negócio que pode ter uma área interna de TI prontinha para dar conta dos desafios que surgem a cada dia.

Delegar a quem sabe é mais sábio do que tentar resolver tudo por conta própria e acabar cometendo erros irreversíveis. Empreender é preciso, e o Brasil está num período de crescimento que pode e deve ser aproveitado. Mas o sucesso não virá espontaneamente: sua conquista requer esforço, comprometimento, organização e gestão, da qual a minimização de riscos é parte indispensável.

Eduardo Cipullo (Sócio-diretor da BDO no Brasil).

HSM Online
05/05/2010